José Medeiros de Lacerda

Leia poesia - A poesia é o remédio da alma

Textos

LENDA DE MACUNAÍMA
Muitas lendas se conhece
Outras se ouve contar
Umas nascem por acaso
De tanto se ouvir falar
Lendas urbana e rural
Do mar ou do matagal
Há lenda em todo lugar.

Quando eu escuto falar
De numa lenda diferente
Pesquiso para estudá-la
A fundo em seu ambiente
E sinto imensa alegria
Quando a transformo em poesia,
Em um cordel, certamente.

Estive recentemente
Em Roraima cordelando
Fiquei muito admirado
Com o que lá fui encontrando
Um Estado tão pequeno
Porém de lendas é pleno
E o povo acreditando.

Ainda lembro de quando
Em um hotel eu cheguei
Um povo impressionado
Em desespero encontrei
Porque naquela manhã
Esteve um tal de Mimirã
No quarto em que eu me hospedei

Mais assustado fiquei
Com aquela crença pagã
O povo muito assombrado
Com esse tal de Mimirã
Só depois eu descobri
Que é uma lenda Macuxi,
Devotos do Deus Tupã.

Cruviana, Mimirã,
Terra Ôca, Tepequém,
E até Macunaima
É uma lenda também
Presente naquele Estado,
Cujo significado
É coisa que não faz bem.

É um espírito do além
Contrario ao Deus Tupã,
De origem Macuxi,
A mesma do Mimirã,
Que num excesso de loucura
Saiu no mundo à procura
De sua Muiraquitã.

Foi uma procura vã
Para sempre ele a perdeu
A sua história completa
Mário de Andrade escreveu
E no cinema fez média
Com divertida comédia
Que o povo não esqueceu.

Mário de Andrade escreveu
A história à sua maneira
Para enriquecer o livro
E a Cultura Brasileira
O cinema retratou
Porém ninguém relatou
A história verdadeira.

Em poesia brasileira
Eu quero aqui retratar
Quem era Macunaíma,
O que aconteceu por lá
Em sua tribo, afinal,
E essa fama de mau
Precisa se desmanchar.

Quando o tiraram de lá
Foi só na imaginação
Ele nunca se ausentou
Do seu querido rincão,
No livro Macunaíma
Mário de Andrade imagina
Mas é tudo ficção.

Pra defender sua nação
Do inimigo invasor
Convocando seus guerreiros
Macunaíma lutou
Defendendo sua terra,
Saiu ferido da guerra
Mas o intruso expulsou.

Ao ferir-se se ausentou
Do seio de sua gente
Subiu o Monte Roraima
Pra descansar, finalmente,
E se fez acreditar
Que até hoje está lá
E dorme profundamente.

Na crença de sua gente
No dia que ele acordar
Voltar para o seu povo
E tudo presenciar,
Se não gostar do que ver
O seu povo vai sofrer,
Pois ele vai se vingar.

Ele nunca voltará
Continuará lá em cima
Dormindo o eterno sono;
E fechando minha rima
Se for haver punição
Os índios conhecerão
A ira de Macunaíma.
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 10/08/2025
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