José Medeiros de Lacerda

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Textos

A LENDA DA CRUVIANA
Quando eu era bem mais moço
Conheci Dotor Raiz
Figura desmiolada
Mas sempre muito feliz
Tudo que ele queria
As coisas aconteciam
Da maneira que ele quis.

Saudoso Dotor Raiz...
Gostava de versejar
Lembro que ele cantava:
«Um dia vou arranjar
Uma namorada bela
Para passear com ela
Nas cruviana do mar.»

Aquele seu linguajar
Eu achava interessante
A palavra cruviana
Eu já tinha ouvido antes
Chamavam de redemonho,
Diziam que era o demônio
Em sua roda gigante.

Às vezes era vibrante
Ou uma brisa macia
Muitas vezes vento brando
Outras tantas ventania
Forte, fresco, fraco, lento,
Furacão, chuva de vento,
Se é que o vento chovia.

O meu pai sempre dizia
No seu jeito de falar
Que cruviana era o vento
Que faz as águas rolar,
Por isso Dotor Raiz
Cantava muito feliz
As «cruviana» do mar.

Eu estou sempre a viajar
Nesta vida soberana
Ouvindo novas histórias
Escutando a mente humana,
Andando aqui e ali
Em Roraima eu descobri
A Lenda da Cruviana.

Um lenda soberana
No roraimense conscisa
A linda Deusa do Vento
Que se transforma em brisa
E seduz os forasteiros
Com beijos madrugadeiros
Mesmo na hora precisa.

Mas é uma falsa brisa
Difícil de se explicar
Forasteiro está dormindo
Então começa a sonhar
Que ele está aprisionado
Por um poder dominado
Sem ninguém para o ajudar.

E só para de sonhar
Quando o dia clareou
Recorda apaixonado
Sem lembrar do que sonhou
Porém se sente atraído
Como alguém que tinha ido
E nunca mais retornou.

Também nunca mais sonhou,
Continuou sem lembrar
A cruviana se foi
Sem nenhum sinal deixar
Com seu sonho feiticeiro
Atrair mais forasteiro
Para fazê-lo sonhar.

A cruviana do mar,
Dita por Dotor Raiz,
Não é como a de Roraima
Pois, segundo a lenda diz,
Quem com ela já sonhou
Pra casa não mais voltou
Porem acordou feliz!
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 10/08/2025
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