José Medeiros de Lacerda

Leia poesia - A poesia é o remédio da alma

Textos

A LENDA DO YAYU
Quando eu era criança
Lá no Sítio São Miguel
Eu pensava que as serras
Emendavam com o céu
E dali ninguém saia,
E nada mais existia
Por fora daquele anel.

E desenhado no céu
Eu via algo esquisito
Um triângulo diferente
De um azul muito bonito
No meio da serrania
Como alguém que se erguia
E apontava o infinito.

Esse triângulo esquisito
Gravado na minha mente
Só depois fiquei sabendo
Que era uma serra diferente
O YAYU, velho lendário,
Que mexe com o imaginário
E a cuca de muita gente.

Deus nos deu esse presente
Essa eterna maravilha
Que em noites enluaradas
A sua imagem brilha
No meio da Natureza
Enriquecendo a beleza
Da nossa Cidade Ilha.

Por ser uma maravilha
Por isso é muito estudado
Com um pico bem menor
Perto dele situado
Chega-se até a pensar
Em uma mãe a passear
Com seu filhinho de lado.

Muito se tem estudado
Dividindo opiniões
Sobre o Pico do Yayu
O guardião dos sertões
Aos sonhos dando passagem
Embelezando a paisagem
Divertindo multidões.

Muitas imaginações
Fazem lendas se criar
E um tema como este
Não se pode ignorar
Esse é o meu fadário,
Transformar o imaginário
Em uma lenda popular.

Quem está a viajar
E tem sua trajetória
Na via Transamazônica
Vê essa imagem ilusória
Exulta seu coração
Registra essa visão
E leva em sua memória.

Esse pico tem história
E é muito venerado
Serve de experiência
Pra quem vive no roçado
E em todos os arredores
Para os agricultores
É mesmo um monte sagrado.

Conta-se que no passado
Servia pra orientar
Os sertanistas que vinham
A região explorar
Serviu até de coiteiro
Porque muitos cangaceiros
Vinha nele se abrigar.

Também era o habitat
Da tribo dos cariris
Dos tapuias, sucurus
Dos pegas e panatis
Esse último, constava
Era a tribo que habitava
O Vale do Sabugi.

Esse índios por aqui
Segundo registros conte
Eram os adoradores
Daquele pontudo monte
Subiam pra se abrigar
Também para observar
As florestas no horizonte.

Antes do rio ter ponte
E açude a represar
Das matas dos arredores
Eles vinham se banhar
Nos rios que se encontravam
E no encontro formavam
O belo Rio Quipauá.

O enigma do lugar
Vem de seu nome bonito
Quatro letras pra formar
Um nome tão esquisito
Parece nome estrangeiro
Porém o mais verdadeiro
É a pronúncia de um grito.

Há muitos nomes escritos
Nascidos de um desespero
Por exemplo, «Caicó»
Vem da prece de um vaqueiro
E muitos nomes formados
Vem de momentos criados
Por esse chão brasileiro.

Conta-se que um vaqueiro
Nos arredores campeava
Viu uma «cabocla brava»
(Era assim que se chamava)
Que correu quando o viu
Porém ele a perseguiu
Tentando ver se a laçava.

Quando se aproximava
Jogando o laço a laçou
Ela Gritou «YAYU»
E para o pico apontou
O vaqueiro impressionou-se
Ela do laço livrou-se
E ali mesmo se encantou.

Outra história se contou
Que o vaqueiro a perseguiu
Conseguiu capturá-la
Porém ela escapuliu
Se soltou quando gritava
YAYU enquanto apontava
Pra serra e depois fugiu.

Muitas histórias se ouviu
Contando a esse respeito
Cada um tem sua versão
E a narra do seu jeito
Mas nessa variedade
Há um fundo de verdade
Porque ninguém é perfeito.

De um ou de outro jeito
Esse nome vem daí
O pico é uma atração
No Vale do Sabugi
O homem era vaqueiro
Agricultor ou campeiro
E a índia era panati.

Outra história que ouvi
Pela minha mãe contada
A mãe de minha bisavó
Era índia e foi caçada
A casco por um vaqueiro
Que se fez seu companheiro
E com ele foi casada.

Tem outra história contada
Da índia do patamar
Enfim, a tribo existiu
Não adianta negar
Histórias foram contadas
Verdadeiras, inventadas
Mas o Yayu está lá.

Já tentaram decifrar
Yayu de muitas maneiras
Em dialetos caboclos
Outras línguas estrangeiras
Diversas natividades
Algumas brasilidades
Dando-as com verdadeiras.

Pensei à minha maneira
Do pouco que aprendi,
Há no idioma espanhol
Um dialeto guarani
Que mesmo sendo distante
É deveras semelhante
Ao dialeto tupi.

Enfim, tupi-guarani
É uma língia nativa
Que mesmo longe de nós
No Paraguay ainda é viva
Isso me deu o direito
De criar cá do meu jeito
Essa minha iniciativa.

YA é lingua nativa
Em espanhol é ALLA
Que como no guarani
Ambas querem dizer LÁ
YO em nativo é YU
Juntando as sílabas, YAYU
Quer dizer: EU SOU DE LÁ

A índia ao apontar
Para o pico quis dizer
Que morava ali na serra
O outro sem compreender
Só queria segurá-la
Para a cidade levá-la
E isso o fez a perder..

Também já ouvi dizer
Que gente que ali passava
Nos aceiros da estrada
Uma bela índia avistava
Porém logo que a via
Emanava uma energia
E a cabocla se encantava.

Outra versão se contava
Que um certo sertanista
Teodósio Oliveira Ledo
Ao passar ali avista
Bem na Gruta da Guaxita
Uma índia muito bonita
Que ao vê-lo logo o despista.

Mas o bravo sertanista
Não desistiu e lutou
Conseguiu capturá-la
Para a cidade a levou
Mas a índia não falava,
Só gritava, esperneava
E YAYU ela gritou.

Outro fato se contou
Isso eu ouvi dizer
Que entre a serra e a estrada
Costumava aparecer
Uma cabocla trigueira
Com uma vasta cabeleira
Nua e veloz a correr.

Também já ouvi dizer
Que alguns negros do passado
Que habitavam a região
Quilombola do Talhado
Tudo isso presenciavam
Mas logo desconversavam
Se eram questionados.

Um jovem chamado Naldo
De 12 anos de idade
Preferia viver na roça
Pra não morar na cidade
Foi um dia entrevistado
Bem no meio do roçado
E mostrou vivacidade.

Em sua simplicidade
Mostrou umas inscrições
Lá na Serra da Cozinha
Em imensos paredões
E de onde se encontrava
Ao longe ele apontava
Pra o guardião dos sertões.

Entre outras informações
Ele deixou seu recado:
Quem estiver campeando
Sua criação ou gado
Se em algo mal pensar
E para o Yayu olhar,
Desista, dá tudo errado.

Pensei à minha maneira
Do pouco que aprendi,
Há no idioma espanhol
Um dialeto guarani
Que mesmo sendo distante
É deveras semelhante
Ao dialeto tupi.

Enfim, tupi-guarani
É uma língia nativa
Que mesmo longe de nós
No Paraguay ainda é viva
Isso me deu o direito
De criar cá do meu jeito
Essa minha iniciativa.

YA é lingua nativa
Em espanhol é ALLA
Que como no guarani
Ambas querem dizer LÁ
YO em nativo é YU
Juntando as sílabas, YAYU
Quer dizer: EU SOU DE LÁ

A índia ao apontar
Para o pico quis dizer
Que morava ali na serra
O outro sem compreender
Só queria segurá-la
Para a cidade levá-la
E isso o fez a perder..

Também já ouvi dizer
Que gente que ali passava
Nos aceiros da estrada
Uma bela índia avistava
Porém logo que a via
Emanava uma energia
E a cabocla se encantava.

Outra versão se contava
Que um certo sertanista
Teodósio Oliveira Ledo
Ao passar ali avista
Bem na Gruta da Guaxita
Uma índia muito bonita
Que ao vê-lo logo o despista.

Mas o bravo sertanista
Não desistiu e lutou
Conseguiu capturá-la
Para a cidade a levou
Mas a índia não falava,
Só gritava, esperneava
E YAYU ela gritou.

Outro fato se contou
Isso eu ouvi dizer
Que entre a serra e a estrada
Costumava aparecer
Uma cabocla trigueira
Com uma vasta cabeleira
Nua e veloz a correr.

Também já ouvi dizer
Que alguns negros do passado
Que habitavam a região
Quilombola do Talhado
Tudo isso presenciavam
Mas logo desconversavam
Se eram questionados.

Um jovem chamado Naldo
De 12 anos de idade
Preferia viver na roça
Pra não morar na cidade
Foi um dia entrevistado
Bem no meio do roçado
E mostrou vivacidade.

Em sua simplicidade
Mostrou umas inscrições
Lá na Serra da Cozinha
Em imensos paredões
E de onde se encontrava
Ao longe ele apontava
Pra o guardião dos sertões.

Entre outras informações
Ele deixou seu recado:
Quem estiver campeando
Sua criação ou gado
Se em algo mal pensar
E para o Yayu olhar,
Desista, dá tudo errado.

Yayu é muito estudado
Pra isso tem conteúdo
Até o grande folclorista
Luis da Câmara Cascudo
Conservador de memórias
Tinha em suas histórias
Nosso pico como estudo.

O nosso monte pontudo
Já foi muito visitado
Também um espelho enorme
Em seu cume foi firmado
E até por nosso vigário
Com mais alguns voluntários
O Yayu foi escalado.

Também ficou registrado
Que ali pela vez primeira
Uma jovem da sociedade
Dona Carmita Ferreira
Foi quem primeiro escalou
Esse monte e fixou
No cume a nossa bandeira.

Ela foi a pioneira
Nesse propósito fiel
A poetisa Nelcimar
Já escreveu um cordel
Outros também já contaram
Porém nunca registraram
Toda história no papel.

Para praticar rapel
O Yayu é excelente
Pelo seu despenhadeiro
Voltado para o nascente
Pra quem gosta de escalar
De sentir, de arriscar
Uma emoção diferente.

Nosso pico no presente
Está muito devastado
Agora, mais do que nunca
Precisa ser preservado
Pois a energia solar
E a eólica chegaram lá
Mexendo nos seus costados

Quanto aos índios do passado
Fazem parte da memória
E eu concluo mais um verso
De uma lenda ilusória
Até minha mãe Joana
E a bisavó Mariana
Eu coloquei na história.











Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 10/08/2025
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