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A LENDA DO YAYU
Quando eu era criança
Lá no Sítio São Miguel Eu pensava que as serras Emendavam com o céu E dali ninguém saia, E nada mais existia Por fora daquele anel. E desenhado no céu Eu via algo esquisito Um triângulo diferente De um azul muito bonito No meio da serrania Como alguém que se erguia E apontava o infinito. Esse triângulo esquisito Gravado na minha mente Só depois fiquei sabendo Que era uma serra diferente O YAYU, velho lendário, Que mexe com o imaginário E a cuca de muita gente. Deus nos deu esse presente Essa eterna maravilha Que em noites enluaradas A sua imagem brilha No meio da Natureza Enriquecendo a beleza Da nossa Cidade Ilha. Por ser uma maravilha Por isso é muito estudado Com um pico bem menor Perto dele situado Chega-se até a pensar Em uma mãe a passear Com seu filhinho de lado. Muito se tem estudado Dividindo opiniões Sobre o Pico do Yayu O guardião dos sertões Aos sonhos dando passagem Embelezando a paisagem Divertindo multidões. Muitas imaginações Fazem lendas se criar E um tema como este Não se pode ignorar Esse é o meu fadário, Transformar o imaginário Em uma lenda popular. Quem está a viajar E tem sua trajetória Na via Transamazônica Vê essa imagem ilusória Exulta seu coração Registra essa visão E leva em sua memória. Esse pico tem história E é muito venerado Serve de experiência Pra quem vive no roçado E em todos os arredores Para os agricultores É mesmo um monte sagrado. Conta-se que no passado Servia pra orientar Os sertanistas que vinham A região explorar Serviu até de coiteiro Porque muitos cangaceiros Vinha nele se abrigar. Também era o habitat Da tribo dos cariris Dos tapuias, sucurus Dos pegas e panatis Esse último, constava Era a tribo que habitava O Vale do Sabugi. Esse índios por aqui Segundo registros conte Eram os adoradores Daquele pontudo monte Subiam pra se abrigar Também para observar As florestas no horizonte. Antes do rio ter ponte E açude a represar Das matas dos arredores Eles vinham se banhar Nos rios que se encontravam E no encontro formavam O belo Rio Quipauá. O enigma do lugar Vem de seu nome bonito Quatro letras pra formar Um nome tão esquisito Parece nome estrangeiro Porém o mais verdadeiro É a pronúncia de um grito. Há muitos nomes escritos Nascidos de um desespero Por exemplo, «Caicó» Vem da prece de um vaqueiro E muitos nomes formados Vem de momentos criados Por esse chão brasileiro. Conta-se que um vaqueiro Nos arredores campeava Viu uma «cabocla brava» (Era assim que se chamava) Que correu quando o viu Porém ele a perseguiu Tentando ver se a laçava. Quando se aproximava Jogando o laço a laçou Ela Gritou «YAYU» E para o pico apontou O vaqueiro impressionou-se Ela do laço livrou-se E ali mesmo se encantou. Outra história se contou Que o vaqueiro a perseguiu Conseguiu capturá-la Porém ela escapuliu Se soltou quando gritava YAYU enquanto apontava Pra serra e depois fugiu. Muitas histórias se ouviu Contando a esse respeito Cada um tem sua versão E a narra do seu jeito Mas nessa variedade Há um fundo de verdade Porque ninguém é perfeito. De um ou de outro jeito Esse nome vem daí O pico é uma atração No Vale do Sabugi O homem era vaqueiro Agricultor ou campeiro E a índia era panati. Outra história que ouvi Pela minha mãe contada A mãe de minha bisavó Era índia e foi caçada A casco por um vaqueiro Que se fez seu companheiro E com ele foi casada. Tem outra história contada Da índia do patamar Enfim, a tribo existiu Não adianta negar Histórias foram contadas Verdadeiras, inventadas Mas o Yayu está lá. Já tentaram decifrar Yayu de muitas maneiras Em dialetos caboclos Outras línguas estrangeiras Diversas natividades Algumas brasilidades Dando-as com verdadeiras. Pensei à minha maneira Do pouco que aprendi, Há no idioma espanhol Um dialeto guarani Que mesmo sendo distante É deveras semelhante Ao dialeto tupi. Enfim, tupi-guarani É uma língia nativa Que mesmo longe de nós No Paraguay ainda é viva Isso me deu o direito De criar cá do meu jeito Essa minha iniciativa. YA é lingua nativa Em espanhol é ALLA Que como no guarani Ambas querem dizer LÁ YO em nativo é YU Juntando as sílabas, YAYU Quer dizer: EU SOU DE LÁ A índia ao apontar Para o pico quis dizer Que morava ali na serra O outro sem compreender Só queria segurá-la Para a cidade levá-la E isso o fez a perder.. Também já ouvi dizer Que gente que ali passava Nos aceiros da estrada Uma bela índia avistava Porém logo que a via Emanava uma energia E a cabocla se encantava. Outra versão se contava Que um certo sertanista Teodósio Oliveira Ledo Ao passar ali avista Bem na Gruta da Guaxita Uma índia muito bonita Que ao vê-lo logo o despista. Mas o bravo sertanista Não desistiu e lutou Conseguiu capturá-la Para a cidade a levou Mas a índia não falava, Só gritava, esperneava E YAYU ela gritou. Outro fato se contou Isso eu ouvi dizer Que entre a serra e a estrada Costumava aparecer Uma cabocla trigueira Com uma vasta cabeleira Nua e veloz a correr. Também já ouvi dizer Que alguns negros do passado Que habitavam a região Quilombola do Talhado Tudo isso presenciavam Mas logo desconversavam Se eram questionados. Um jovem chamado Naldo De 12 anos de idade Preferia viver na roça Pra não morar na cidade Foi um dia entrevistado Bem no meio do roçado E mostrou vivacidade. Em sua simplicidade Mostrou umas inscrições Lá na Serra da Cozinha Em imensos paredões E de onde se encontrava Ao longe ele apontava Pra o guardião dos sertões. Entre outras informações Ele deixou seu recado: Quem estiver campeando Sua criação ou gado Se em algo mal pensar E para o Yayu olhar, Desista, dá tudo errado. Pensei à minha maneira Do pouco que aprendi, Há no idioma espanhol Um dialeto guarani Que mesmo sendo distante É deveras semelhante Ao dialeto tupi. Enfim, tupi-guarani É uma língia nativa Que mesmo longe de nós No Paraguay ainda é viva Isso me deu o direito De criar cá do meu jeito Essa minha iniciativa. YA é lingua nativa Em espanhol é ALLA Que como no guarani Ambas querem dizer LÁ YO em nativo é YU Juntando as sílabas, YAYU Quer dizer: EU SOU DE LÁ A índia ao apontar Para o pico quis dizer Que morava ali na serra O outro sem compreender Só queria segurá-la Para a cidade levá-la E isso o fez a perder.. Também já ouvi dizer Que gente que ali passava Nos aceiros da estrada Uma bela índia avistava Porém logo que a via Emanava uma energia E a cabocla se encantava. Outra versão se contava Que um certo sertanista Teodósio Oliveira Ledo Ao passar ali avista Bem na Gruta da Guaxita Uma índia muito bonita Que ao vê-lo logo o despista. Mas o bravo sertanista Não desistiu e lutou Conseguiu capturá-la Para a cidade a levou Mas a índia não falava, Só gritava, esperneava E YAYU ela gritou. Outro fato se contou Isso eu ouvi dizer Que entre a serra e a estrada Costumava aparecer Uma cabocla trigueira Com uma vasta cabeleira Nua e veloz a correr. Também já ouvi dizer Que alguns negros do passado Que habitavam a região Quilombola do Talhado Tudo isso presenciavam Mas logo desconversavam Se eram questionados. Um jovem chamado Naldo De 12 anos de idade Preferia viver na roça Pra não morar na cidade Foi um dia entrevistado Bem no meio do roçado E mostrou vivacidade. Em sua simplicidade Mostrou umas inscrições Lá na Serra da Cozinha Em imensos paredões E de onde se encontrava Ao longe ele apontava Pra o guardião dos sertões. Entre outras informações Ele deixou seu recado: Quem estiver campeando Sua criação ou gado Se em algo mal pensar E para o Yayu olhar, Desista, dá tudo errado. Yayu é muito estudado Pra isso tem conteúdo Até o grande folclorista Luis da Câmara Cascudo Conservador de memórias Tinha em suas histórias Nosso pico como estudo. O nosso monte pontudo Já foi muito visitado Também um espelho enorme Em seu cume foi firmado E até por nosso vigário Com mais alguns voluntários O Yayu foi escalado. Também ficou registrado Que ali pela vez primeira Uma jovem da sociedade Dona Carmita Ferreira Foi quem primeiro escalou Esse monte e fixou No cume a nossa bandeira. Ela foi a pioneira Nesse propósito fiel A poetisa Nelcimar Já escreveu um cordel Outros também já contaram Porém nunca registraram Toda história no papel. Para praticar rapel O Yayu é excelente Pelo seu despenhadeiro Voltado para o nascente Pra quem gosta de escalar De sentir, de arriscar Uma emoção diferente. Nosso pico no presente Está muito devastado Agora, mais do que nunca Precisa ser preservado Pois a energia solar E a eólica chegaram lá Mexendo nos seus costados Quanto aos índios do passado Fazem parte da memória E eu concluo mais um verso De uma lenda ilusória Até minha mãe Joana E a bisavó Mariana Eu coloquei na história.
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 10/08/2025
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