José Medeiros de Lacerda

Leia poesia - A poesia é o remédio da alma

Textos

A LENDA DOS IPÊS
A primavera da vida
É quando o jovem floresce
Deixando de ser criança
Mas ainda permanece
Com instinto infantil
Vira infanto-juvenil
Até que amadurece.

A Natureza floresce
Na estação primaveril
Mas no verão, no outono,
Lindas flores já se viu
Três estações florescentes
Mas o inverno é carente
Talvez por causa do frio.

Se havia árvore floril
Vinha a geada e queimava
Se floria na floresta
A própria sombra matava
Se havia algum banhado
Um pântano bem florado
Vinha o brejo e alagava.

Nenhuma árvore concordava
Em florescer esfriando
Porque não frutificava
Findava prejudicando,
Era um verdadeiro inferno,
Muitas árvores no inverno
Terminavam se acabando.

Deus estava preparando
O mundo pra colorir
Se reuniu com as árvores
Pra com elas decidir
Por suas opiniões
Em qual das quatro estações
Do ano queriam florir.

Alegres ao decidir
Por sua própria opinião
Umas queriam primavera
Outras outono, verão,
Três estações escolhendo
Mas do inverno esquecendo
Chamou de Deus a atenção.

Parando a reunião
Deus a todos perguntou:
«Por que esqueceram o inverno?»
E uma delsa falou:
«É estação de queimada,
Seca, fria, desbotada,
Não há lugar para flor.»

Mas Deus pediu por favor
Que uma aceitasse o pleito
Porque sem flor no inverno
Parecia preconceito
Isso eu não quero pra o mundo.
Uma árvore lá no fundo
Lhe respondeu: «Eu aceito!»

Deus sorrindo satisfeito
Pergunto: «Quem é você?
Que demonstra tal coragem?»
«Senhor, eu me chamo Ipê
E atendo com muito gosto,
Aceito e estou disposto
A no inverno florescer.»

Com a decisão do ipê
Houve um espanto geral
As árvores não se atreviam
Pois o inverno era mau
E a todos prejudicava,
As que pudesse queimava
De forma bem natural.

Mas Deus gostou, afinal
Ia ter flor o ano inteiro
Agradeceu ao ipê
E falou bem prazenteiro
Com sentimento profundo:
«Has de embelezar o mundo
E serás o pioneiro!

Por me atenderes primeiro
Eu te farei florescer
Terás variadas cores
Pra mais bonito se ver
O inverno todo florido
E o mundo colorido
Aos olhos de quem ver.

E foi assim que o ipê
Ganhou variadas cores
Branco, amarelo do brejo
Puro amarelo nas flores,
Amarelo casca lisa
Roxo bola que ameniza
O roxo, a cor dos amores.

Púrpura e rosa são flores
De lindas tonalidades
Amarelo do cerrado
Outra das variedades
Roxo da mata é bonito
O preferido, acredito,
Para quem sente saudades.

O ipê tem variedades
Cada uma mais querida,
Sejamos como os ipês
Que tem a vida florida
Para o inverno colorir,
E que saibamos florir
Pelos invernos da vida.
Brasília, 11 de Setembro de 2021
SÉRIE LENDAS BRASILEIRAS - VOLUME 34
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 20/11/2022
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras