ICAMIABAS - UMA LENDA DA AMAZÔNIA
Há alguns séculos atrás
Na Amazônia existia Uma tribo feminina Onde não se permitia Do homem intromissão, Se entrasse sem permissão Com cereteza morreria. Essa tribo residia Bem próximo às cabeceiras Do grande Rio Jamundá E todas eram guerreiras, Famosas Icamiabas Que mantinham suas tabas No meio das seringueiras. Essa mulheres guerreiras Completamente isoladas, Em certa época do ano Estando necessitadas Deixavam os seus domínios E com grupos masculinos Ficavam acasaladas. A festa era organizada Como se fosse uma rua Próximo ao lago sagrado Chamado Yaci Uarua, Tudo ali acontecia Quando a água recebia O grande espelho da lua. Quando Yaci Uarua Sentia a Deusa Pagã Liberava as pedras verdes Chamadas Muiraquitã, Era o clímax da festa Que reinava na floresta Até a luz da manhã. A Mãe do Muiraquitã A todas presenteava Uma lama de cor verde Que das águas emanava, Com geléia parecia, Fora d'água endurecia E em pedra se tranformava. Toda icamiaba usava A tal pedra no pescoço Que ganhava da mãe lua Nas fundas águas do poço, Aquele era o argumento, No ato do acasalamento Dava de presente ao moço. Ninguém mais naquele poço Ganhava um muiraquitã, Somente as icamiabas Usavam esse talismã No pescoço pendurado Ou num canto bem guardado Pra ter uma vida sã. E quando a luz da manhã Na floresta refletia A grande festa acabava As índias se despediam Dos índios, que resolutos Voltavam pros seus redutos Sozinhos, sem companhia. Muita criança nascia Por causa dessa noitada, Quando nascia menino Ao pai era enviada, Se não levassem, matavam, Só as meninas ficavam Pelas mães sendo criadas. Há uma versão contada Sobre a pedra talismã, As famosas pedras verdes Chamadas "muiraquitã", Os brancos chamam de jade Mas as índias, na verdade, Chamavam "Luz da Manhã". Dizem que o muiraquitã Era um tipo de animal Que nadavam submersos Em lagos no matagal As índias para apanhá-los Entravam para buscá-los Depois de um ritual. Esse tipo de animal As índias adquiriam Jogando um pouco de sangue Sobre eles, que morriam Ao ser da água tirados Eram por elas tirados Até que endureciam. Outras tribos existiam Por aquela região A tribo Uaboí É quem conta essa versão Das pedras serem animais Que viraram minerais Pra ajudar na procriação. Outra tribo da região Que eram os mais aproximados Das índias icamiabas Com quem tinham seus tratados Eram os índios Guacarís Que tinham um pacto feliz Com as vizinhas do lado. Por eles que foi narrado O combate de Orelhana Navegador espanhol Na região acreana Vinham em expedição E meteu-se em confusão, Uma guerra soberana. O combate de Orelhana Aconteceu, na verdade, Com índios encabelados, Tribo da localidade Mulheres participavam Porque também guerreavam Com muita capacidade. As mulheres, na verdade, Segundo Frei Carvajal Da expedição de Orelhana Viviam no matagal Guerreando com os maridos Daí terem confundido Porque era tudo igual. Icamiaba, afinal, Depois foi esclarecido No dialeto dos índios, Era, "mulher sem marido" Que mantinha seu reduto Em regime absoluto Sem homem tomar partido. Sendo o combate perdido E Orelhana derrotado O "País das pedras verdes" Foi assim denominada De tanta pedra que havia, Os índios as conduzia E também tinham guardado. Depois de séculos passados É difícil de julgar Os muiraquitãs existem Estão aí a enfeitar Museus, casas de valores, Com colecionadores Que já andaram por lá. Não dá para constatar Se é verdade ou invenção Mas a lenda foi tão forte Que chegou à criação De um rio muito profundo, O maior rio do mundo E um Estado da Nação. Quem vai a Alter-do-Chão Uma vila localizada À margem do Tapajós E que hoje está ligada Ao mundo por avião, Por rios à região E a Santarém por estrada. Um lago cor de esmeralda Azulado nas manhãs Com o sol vai se formando Outras matizes terçãs Por fim termina formado O lago verde, chamado Lago dos muiraquitãs. Essas mulheres pagãs Que da floresta eram donas Combateram os espanhóis Em todo baixo-Amazonas Eram elas, verdadeiras Icamiabas guerreiras As genuinas matronas. Contam que as amazonas Costumavam mutilar Um seio, para melhor O seu arco envergar, Na convivência com o meio, Quanto ao segundo seio, Usavam pra amamentar. Assim veio a se formar O vocábulo em qustão Seio em grego é "mazos" Daí a constatação, «Amazos» fica "sem seios" Por hibridismo ou outros meios Chegou-se ao nome de então. Em outra constatação Se conseguiu apurar Que a pedra verde é "nefrita" Que as índias íam buscar No lago onde existiam Moldavam como queriam E botavam pra secar. Pra quem gosta de explorar Vá lá em Alter-do-Chão Conhecer o lago verde Sagrado na região Onde a lama esverdeada Continua retirada Pra trabalho de artesão. Hoje a minha ocupação, O meu trabalho servil, É estudar esses causos Que no passado existiu Para em versos escrever E o leitor conhecer Mais uma lenda do Brasil. Vitória da Conquista, 03/03/2016. SÉRIE LENDAS BRASILEIRAS - VOLUME 27
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 20/11/2022
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