Pirarucu já foi gente
Um jovem índio guerreiro
Hoje é muito procurado
Por esse Brasil inteiro
Peixe de carne macia
E de muita serventia
Lá no Norte brasileiro.

Enquanto índio guerreiro
Foi muito pretensioso
Só praticava maldade
Valente, injusto, orgulhoso
Matava sem piedade
Os índios de sua idade
Por instinto criminoso.

Aquele índio vaidoso
Era muito diferente
Do povo de sua tribo
E do pai, um índio decente,
Que muito o repreendia
Mas o filho só queria
Envergonhar sua gente.

Um dia com o pai ausente
Visitando outra nação
Pirarucu aproveita
A fatídica ocasião
E sem dar chance de luta
Toda sua tribo executa
Sem dó e sem remissão.

Com aquela execução
O deus Tupã acordou
Com uma forte tempestade
Pirarucu castigou
Raios cortavam o céu
Acendendo um fogaréu
E a floresta inundou.

Pirarucu começou
Debochar da situação
Tupã manda vários raios
Em sua perseguição
Ele se esquivar tentou
Mas um raio o acertou
E ele caiu no chão.

Veio um raio num trovão
Partiu uma árvore no meio
Uma banda acertou
O Pirarucu em cheio
Sua cabeça achatou
E o guerreiro ficou
Com um aspecto horrendo e feio.

Tupã o jogou no meio
Da enxurrada e o levou
Pras profundezas do rio
Porém não se contentou
Simplesmente em matá-lo,
Preferiu vivo deixá-lo
Com o aspecto que ficou.

Num peixe o trasformou
Para viver procriando
E servir de alimento
A quem o fosse pescando
Assim um índio nocivo
Transformou-se em peixe vivo
Numa lenda se tornando.

Pirarucu foi ficando
Com o corpo muito escamoso
Mas no Norte do Brasil
È um peixe bem saboroso
Se usa a língua pra ralar
Sementes de guaraná
Por isso é bem proveitoso.

Nosso país venturoso
Tem muita história na mata
Como esse índio maldoso
Que o Deus Tupã desbarata
Transformando esse malvado
Num peixe avermelhado
Com grande cabeça chata.
Manaus,06/10/2013
SÉRIE LENDAS BRASILEIRAS - VOLUME 24