SERRA DO ROLA MOÇA - UMA LENDA MINEIRA
De estórias de Trancoso
O nosso Brasil é rico Quanto mais eu as escuto Mais impressionado fico Pra manter nossa cultura Lendas em Literatura Nas escolas eu indico. Montanha, chapada, pico Delineiam nosso chão Em cada serra uma história Em cada pico um jargão O povo vai inventando Histórias que vão formando Novas lendas no sertão. Eu conheço um chapadão Próximo a Belo Horizonte No grande Estado Mineiro Que contém um grande monte De onde saiu uma história Penosa, triste e sem glória E tem sempre alguém que conte. Esse inalcansável monte Tem lá um despenhadeiro Em cima haviam veredas Caminhos de boiadeiros Que ali se aventurava Quando uma rês desgarrava Dando trabalho a vaqueiro. Por ali também roceiro. Cruzava a região Pois mantinha agricultura Embaixo no socavão E aquela serra cruzava Pois na vila precisava Fazer negociação. Nessa mesma região Um casal de namorados Nascidos lá no grotão No mesmo setor criados Vizinhos que se estimavam Cujas famílias sonhavam Em ver os filhos casados. Já estavam preparados Para o enlace nupcial O noivo com a casa pronta A noiva com o enxoval Toda a festa programada Até a data marcada, Mas faltava o essencial. O vigário do local Se recusava a cruzar As trilhas da grande serra Onde tinha que passar Mas o medo o perseguia E aos noivos exigia: Fossem na Vila casar, Se o padre não ia lá Então eles decidiram Casar-se mesmo na Vila Os padrinhos consentiram Formaram uma caravana E em grande fila indiana Pela serra prosseguiram. Muito cedinho partiram Pra o tal acontecimento O padre com boa vontade Abençoou o momento Houve casório, houve dança Comidoria e festança Num grande divertimento. Era chegado o momento De para casa voltar A tarde já declinava E antes da noite chegar Teriam que ir ligeiro Que o grande despenhadeiro Precisavam atravessar. A mesma fila a formar Um na frente, outro atrás Que a trilha não comportava O caminho de casais Seguiam a passo lento, Aquele divertimento Não esqueceriam jamais. Por aqueles carrascais As pedras soltas no chão Seixos pequenos, redondos, Tinha até pedra-sabão Que faziam escorregar Quem ali fosse passar Precisava de atenção. Já chegando a escuridão Mas eles não pressentiam Só pensando no regresso Pela trilha prosseguiam Animados, bem dispostos, Belos sorrisos nos rostos E riam, como eles riam! Bem no momento que iam No alto do chapadão Animal pisou em falso Numa pedra solta no chão Dão noiva e cavalo um salto Despencando no planalto Sucumbiram no grotão. Noivo ficou sem ação Não atinava pra nada Enquanto os outros gritavam Em ânsia desenfreada Esporeou o animal Pulou no mesmo local Em busca de sua amada. Da queda não sobrou nada Nunca mais foram encontrados Dois cavalos e um casal Recentemente casados Não houve quem encontrasse, Por mais que se procurasse No vácuo foram tragados. Dos noivos recém casados Só a saudade ficou Pra os amigos só lembranças. Parentada que ficou Chorava de fazer poça. E a Serra do Rola Moça Rola Moça se chamou. A lenda continuou Na mente do pessoal Carlos Drumond escreveu O registro inicial Depois Martinho cantou E a serra se transformou Em um parque estadual. Hoje o parque atual É tratado com carinho E quatro grandes cidades Por lá fizeram caminho, Belo Horizonte por cima Em seguida Nova Lima Ibirité e Brumadinho. As quatro ficam pertinho Do local do acontecido Ao ser contada essa história Deixa o povo comovido Virou uma lenda de fato. Pra o mineiro esse relato Nunca mais foi esquecido Eu escrevi comovido O que um mineiro pediu A história contada em livro Também na música se ouviu; E como poeta fiel Eu relatei em cordel Mais uma lenda do Brasil. Coronel Fabriciano-MG, 04/10/2019 SÉRIE LENDAS BRASILEIRAS - VOLUME 21
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 20/11/2022
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