AS TRAPALHADAS DE CHICO HABÍTO E SACO RASO
Agora estou me lembrando
De uma dupla atrapalhada Que juntou suas milícias Pra bloquear as estradas Por perder uma eleição Porém não tinham razão E o golpe não deu em nada. Essa grande palhaçada Começa com um capitão Saco Raso, o nome dele, Sujeito sem profissão Vagabundo e depravado Que resolveu ser soldado Para servir à Nação. Na sua corporação Até foi bem comportado Enganando todo mundo Chegou a ser graduado Um Saco bem sucedido Passando a ser conhecido Capitão considerado. Mas ao se ver graduado Mudou logo de ação Começou a fazer coisas Erradas no batalhão Maus exemplos praticando Terminaram o expulsando Da sua corporação. Agora, ex-capitão Pensava no que fazer Trabalhar não precisava Pois tinha do que viver E era muito preguiçoso Além de ser mentiroso E falso em seu proceder. Disse ele, «Vou me meter Na política e vou ganhar, Tem muito miliciano Que pode me ajudar E na Barra da Sinuca Tem muita gente maluca Que a gente obriga a votar.» Começou a alienar O povo com enganação Vez em quando aparecia Um morto na oposição Como queima de arquivo, E foi por esse motivo Que ganhou a eleição. Deixou de ser capitão Mas lembrava o tempo inteiro Dos retratos que tirava Com um ou outro companheiro Que no alojamento havia E com quem ele fazia Troca-troca no banheiro. Seguindo outro roteiro Se mudou do litoral Lá na Barra da Sinuca Para o Planalto Geral Pois não havia outro jeito, Já que tinha sido eleito Deputado Federal. Lá no Planalto Geral Tornou-se mais prepotente Problemas com eleitores Pra ele era indiferente Isso não lhe competia, E as verbas que recebia Usava pra comer gente. Essa frase inteligente Usava pra disfarçar Pois de mulher não gostava, Seu negócio era «trocar» Com colegas no banheiro, Fazia isso o tempo inteiro Sem ninguém desconfiar. Também para disfarçar Casou-se a primeira vez Pois casar lhe dava status E foi isso o que ele fez Na maionese escorrendo Os filhos foram nascendo Todos homens, eram três. A mulher não tinha vez E foi deixada de lado Agora já tinha filhos E a lembrança do passado; Ele só casou com ela Por causa do nome dela Que era nome de veado. Mas para ser deputado Era bom casar de novo Para parecer mais sério E para agradar ao povo. Mas isso de ser casado O deixou mais apertado Do que um pinto no ovo. Nasceu um menino novo, Já era o quarto rebento O chamaram Saco Estreito Pra fazer mais movimento Os três primeiros cresceram Na política floresceram, O quarto era mais lento. Os três para o parlamento, Um se elegeu senador O segundo, deputado, Terceiro, vereador Os quatro no mesmo engodo Entrava dinheiro a rodo Com as firulas que criou. O nome do senador Era Saco Recheado O segundo, Saco Cheio Terceiro, Saco Furado Sacanagem poderosa, Terceira esposa, Checosa Tá o coito nomeado. Voltando um pouco ao passado Quando ele se casou Um cangaço engravatado Essa família formou Nasceu o quarto rebento E o segundo casamento Como foi que terminou. Novamente escanteou A mulher na contra mão Pois tinha o que precisava, Um quarto filho varão, Continuava «trocando» Com os amigos e insultando As mulheres da Nação. O enganador capitão Fingindo ser gente fina Resolveu casar de novo Escolhendo uma nordestina Pra lhe dar mais um varão Mas fraquejou na missão E nasceu uma menina. Ficou de alma ferina Porém não tinha mais jeito Pôs a culpa na mulher... Como ninguém é perfeito Deixou a vida seguir E resolveu investir No seu filho Saco Estreito. Mas parece que o sujeito Pra política não vingou E quis investir na mãe Mas o pai não aprovou Pois de mulher não gostava, A fulana ficou brava Mas depois se conformou. O Saco Raso inventou De querer ser presidente Precisaria encontrar Uma forma contundente Um conluio demagogo Pra poder virar o jogo De maneira prepotente. E assim, rapidamente, Reuniu mais aliados, Um juiz corruptível, Um vice já diplomado, Mais alguns ambiciosos, Uns e outros poderosos, Estava o conluio armado. Com o plano todo traçado E de uma forma mesquinha Inventaram pedalada E nem bicicleta tinha. A trama foi bem armada E a chefia foi cassada Do jeito que lhes convinha. No bando o vice que tinha Passou então a mandar Pra completar o mandato, O Saco se preparar Com seu grupo de plantão Pra ganhar a eleição E a ditadura implantar. Só pensava em «funhanhar», O capitão desordeiro, Por isso no grupo tinha Muitos dos seus companheiros Que no tempo de caserna Faziam muita baderna Na trocação do banheiro. O que fizeram primeiro: Prenderam Pantaleão Que durante oito anos Organizou a Nação E um tribunal bandoleiro O manteve prisioneiro Acusado de ladrão. Agora o ex-capitão Era o chefe do lugar O juiz virou um ex E passou a comandar Da Justiça o Ministério Provocando um revertério Na maneira de julgar. Mas não podia mandar Na pasta que assumiu Não tinha autoridade, Era um capacho servil; Se sentindo incompetente Manda então o presidente Para a ponte que caiu. Depois então ele viu Que caiu numa emboscada Quem antes era juiz Passou então a ser nada Enquanto o seu presidente Ficava mais prepotente Junto com sua cambada. E toda sentença dada Era só enganação Não tinham autoridade Naquela jurisdição; Foi só embuste do chefe... Precisou o S T F Pra resolver a questão. Soltaram Pantaleão Bastante envelhecido Mas saiu com toda pompa E muito fortalecido Agora descondenado Provou ao grupo forjado Que era muito querido. O capitão pervertido Fazia e acontecia Aonde mulher mandava O sujeito perseguia Fechava creches, escolas, Deixando apenas esmolas Enquanto o povo sofria. Quando alguém adoecia Ele ficava mangando O povo morrendo à míngua E o facínora negando Vacinas imunizantes Pra gastar com os miliantes Novas tramas planejando. E continuou cortando Verba em área feminina Só ficava alvoroçado Quando via uma menina Pintando clima forjado, Pois só era interessado Em presença masculina. Pra se comprar gasolina Tinha que vender o carro O povo passando fome E eles tirando sarro Do pobre, fazendo pouco, Mas santinho do pau oco Se quebra, se for de barro. Enquanto tiravam sarro Pantaleão se unia Com partidos de esquerda Em prol da democracia Era tempo de eleição E a milícia do centrão Nas pesquisas só caía. O dinheiro que servia Pra combater a inflação Era gasto com viagra Garantindo a diversão Dos amigos que agradava, Enquanto o chefe virava O tchutchuca do centrão. Outra grande enganação Uma mulher comandava: Ministério da Mulher Mas esse só atuava Ajudando a macharada, Pra mulher não tinha nada Pois o chefe não gostava. O que ele não esperava Machucou seus corações: Chegou o primeiro turno Das fatídicas eleições, Saco Raso vascilou E Pantaleão ganhou Com bem mais de seis milhões. Com enormes proporções Saco Raso foi maior Seus parceiros candidatos Todos levaram a melhor Na eleição do parlamento, Foi grande o constrangimento, Pois ele teve a pior. Tinham que arrochar o nó Pra mudar o resultado Pois tinha um segundo turno Precisando ser mudado; Pôs uma tal Damarajosa Com sua esposa Checosa, Para atacar por um lado. O ex juiz descartado Por causa de confusão Chico Habíto, o nome dele, Também entrou em ação Deixou pra trás o passado Passou a ser aliado Do tchutchuca do centrão. Virou sombra do vilão De maneira perspicaz, Onde Saco Raso iá Chico Habíto estava atrás No seu corpo coladinho Parecia fazer carinho Causando inveja aos demais. Até em Minas Zemais Que Pantaleão ganhou O governador eleito Nessa luta se engajou Para ajudar o tchutchuca Que na Barra da Sinuca Sua história começou. Checosa alienou As mulheres do seu lado E entraram nas igrejas Do Evangelho Inventado Com um propósito garantido: Quem votasse em seu marido Estava livre do pecado. Deixassem a Bíblia de lado E todos fizessem arminha Que arma era a salvação, Livro era pra criancinha; (Na verdade essa sujeita Tem uma cara perfeita E uma bela rachadinha.) Essa história de arminha Influenciou de mais A ponto de um aliado Atirar em policiais E um negro, numa enrascada, Fugir, com uma deputada Correr atirando atrás. Tudo isto e muito mais Era tática do centrão Para reverter o quadro Da primeira eleição Implantando terrorismo. E a turma do pátriotismo Se unindo a Pantaleão. Sete milhões, um milhão, Nada disso interessava, Um voto de maioria Era o que se precisava Pra acabar com a anarquia Voltar a democracia Que atualmente definhava. O mundo inteiro estava De olho aqui no Brasil Pois o atual mandatário Com muitos se excluiu Pela sua presepada, Uma coisa inusitada Como essa nunca se viu. Pantaleão no Brasil Cada vez crescia mais Chico Habíto e Saco Raso Se achando os maiorais De moto pelos Estados Em algum colo sentado E outro fungando atrás. Em todas as capitais A Bandeira Brasileira Estava suja e manchada De sangue, lixo e poeira Sem ninguém pra respeitá-la Pois quem deveria honrá-la É quem mais fazia asneira. De tanto fazer besteira Uma coisa ele esqueceu: Na região nordestina Nos oito Estados perdeu O Nordeste quis mostrar Que o povo sabe votar Mas ele não aprendeu. No Nordeste ele perdeu No Norte ele não ganhou Por causa de sua empáfia Minas também lhe mostrou Que orgulho e petulância São sinônimos de arrogância E antônimos de amor. O nordestino mostrou A potência do Nordeste, Diploma de burro em bolso Não é pra cabra da peste, É pra quem tem preconceito E de um ou outro jeito Essa carapuça veste. Foi com a força do Nordeste Que Pantaleão venceu Saco Raso se isolou Chico Habíto se escondeu Checosa virou Chorosa E a tal de Damarajosa Também se escafedeu. Houve até quem se escondeu Lá nos Estados Unidos Outros mais acovardados Se disseram arrependidos E já tomaram chegada Pois sabem que com a cambada Ficar não faz mais sentido. Vai ser julgado e punido Em Tribunal de verdade Quem insiste em perturbar A paz e a liberdade Dos que hoje estão felizes Apagando as cicatrizes Feitas pela falsidade. Quem nunca fala a verdade Tende a se prejudicar Mentira não leva a nada E se acaso precisar Ser um dia verdadeiro, Por ser falso o tempo inteiro Ninguém vai acreditar. Para o cordel terminar Deixo aqui o meu recado: Sou poeta cordelista, Nordestino diplomado; Se estou feliz em ver Um nordestino vencer? Digo: Estou realizado!. Santa Luzia-PB, 15 de Novembro de 2022
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 17/11/2022
Alterado em 17/11/2022 Copyright © 2022. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |