CACHINHOS DOURADOS E OS TRÊS URSOS
Era uma vez uma família
De ursos que habitava Em uma linda casinha Que na floresta ficava Mamãe ursa, papai urso E completando o recurso O ursinho que os amava. Mamãe ursa cozinhava O mingau para o almoço Papai urso retirava Água no fundo do poço E à companheira ajudava Enquanto o ursinho brincava; Era o ritmo colosso. Mamãe botava o almoço Nos pratos para esfriar E os três, enquanto esfriava Saíam pra caminhar Ali pela redondeza Contemplando a natureza Essa família exemplar. Voltavam para almoçar A comida estava fria Cada um no seu banquinho Sentava com alegria Comia até se fartar Depois ia se deitar Em sua cama macia. Até que um certo dia Saíram pra caminhar Enquanto o mingau na mesa Começava a esfriar Surgiu uma criancinha E vendo aquela casinha Resolveu se aproximar. Bateu palmas a chamar Porém ninguém respondia «Oh de casa!» Ela chamava Mas só silêncio existia Depois que chamou, chamou, Sem resposta, constatou Que a casa estava vazia. Também viu com alegria Que a porta estava aberta Resolve então penetrar Naquela casa deserta Pra explorar a novidade Matar a curiosidade De sua nova descoberta. Aquela menina esperta Sozinha praqueles lados Uma garotinha loira De cabelos cacheados Que havia se perdido Tinha um bonito apelido, O de Cachinhos Dourados. Havia se separado Quando estava a passear Com a família na floresta E distraiu-se a andar Ficou vagando sozinha E vendo aquela casinha Resolveu se aproximar. Observou ao entrar Que a casa estava arrumada Uma mesa, três cadeiras Comida bem preparada, Como ninguém avistou Faminta se preparou Pra se sentir saciada. Sentou-se, bem animada Numa cadeira espaçosa Era muito grande e dura E bastante volumosa; A comida sobre a mesa Ela provou, com certeza, Era quente e desgostosa. Sentou-se esperançosa Numa cadeira menor Também era muito dura Como a cadeira maior E o mingau naquele prato Igual ao outro, de fato, Talvez fosse até pior. Faltava o outro menor Numa lateral da mesa A cadeira era menor, Macia, sem aspereza, Ela sentou-se e gostou Até se apaixonou, Diante de tanta leveza. E a comida na mesa Que em outro prato havia Ela provou um pouquinho Estava gostosa e fria, Comeu, se deliciou, Nenhum pouquinho deixou Pois a barriga pedia. Até pulou de alegria Depois de alimentada Mas a cadeirinha frágil Com o pulo ficou quebrada E ela no chão caiu Porém levantou-se e riu Alegre e muito animada. Havia uma escada Pra o andar superior E um quarto com três camas Alinhadas com amor Ela subiu as escadas E as caminhas arrumadas Cachinhos observou. Na primeira se deitou Era uma cama escura Muito grande e espaçosa Com excesso de largura Alta e inalcançável Além de desconfortável Também era muito dura. O instinto de aventura Qualquer esforço compensa Havia uma segunda Também bem alta e imensa Ela tem que se deitar Pois precisa descansar Antes que o sono lhe vença. O contrassenso dispensa Sua verve aventureira, Ao lado das camas grandes Havia uma terceira Pequena, baixa, macia Que a Cachinhos permitia Sair daquela canseira. Dormiu uma hora inteira Sem ninguém lhe perturbar Eis que os donos da casa Acabaram de voltar Dos caminhos onde andara, A comida já esfriara, Precisavam almoçar. Papai urso ao se sentar Algo estranho ele notou «Mexeram no meu mingau!» Furioso resmungou «Com a comida ainda quente, Agora está diferente. Veja como isso ficou!» A mamãe ursa gritou: «Mexeram aqui também! Comeram do meu mingau E aqui não tinha ninguém. Que falta de consciência! Com certeza em nossa ausência Por aqui passou alguém!» O bebê urso também Gritou e pôs-se a chorar: «Comeram minha comida, Eu fiquei sem almoçar! Não gostei da brincadeira. Quebraram minha cadeira E eu não posso me sentar. Subiram pra se deitar Papai urso reclamou: «Mexeram na minha cama, Alguém por aqui passou, Remexeram na comida, Até na nossa dormida E depois se retirou!» Mamãe ursa reclamou Também bastante zangada: Deitaram na minha cama, Está toda desarrumada! Isso é um despautério! Mas que falta de critério! Não nos faltava mais nada!» Então ouviram a zuada Lá do bebê urso vindo: «Papai, tem uma menina Na minha cama dormindo!» Cachinhos logo acordou Vendo os ursos se assustou Levantou-se e foi saindo. Papai urso a impedindo Chamou-a pra conversar Disse: «Aqui é nossa casa Você não podia entrar Sem permissão consentida, Mexer na minha comida E as camas desarrumar!» «E minha cadeira quebrar!» Disse o ursinho gritando. Ela, muito envergonhada, Pediu desculpas chorando Depois jurou entre pranto Não entrar em nenhum canto Sem ninguém a convidando.. E saiu dali chorando Na floresta se embrenhou Os ursos se acomodaram E tudo ao normal voltou Sem serem incomodados Também Cachinhos Dourados Nunca mais ali passou. Quem essa história contou Sem nenhum constrangimento Quis falar sobre criança Com o tema crescimento Quando a criança é feliz Não sabe o que fala ou diz, Só pensa em divertimento. Cachinhos em seu momento Da família se perdeu Achou a casinha, entrou, Viu a comida, comeu Inocente criancinha Que vendo a menor caminha Foi nela que adormeceu. No momento se envolveu Em suas próprias emoções Sua curiosidade Leva a investigações Com seus pensamentos vivos Sem precisar de motivos Sem necessitar razões. Um tempo sem ilusões Estando ou não protegida Os olhos apenas notam Não sugere ou intimida Nem demonstra ignorância, É só o tempo da infância, Primeira etapa da vida.
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 08/12/2021
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