José Medeiros de Lacerda

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Textos

A PRINCESA E A ERVILHA
Certa vez, era uma vez
No reino do Quem Vai Lá
Um príncipe que estava triste
Porque queria casar
E para maior tristeza
Não havia uma princesa
Que ele pudesse encontrar.

Procura em todo lugar
Por reinos distante ou perto
Procurava na floresta
Não achava no deserto
Não havia imagem ou vulto
Em esconderijo oculto
Ou em local descoberto.

Mas ele tinha por certo
Que ainda chegava o dia
Da sua felicidade
E também encontraria
Uma princesa ideal
Pra completar o casal,.
Sabia que ela viria.

O rei, seu pai, pertencia
A uma linhagem fina
Pra manter a tradição
Não casaria por sina,
Casar-se na realeza
Tinha que ser com princesa
E não com qualquer menina.

Mas por tradição ou sina
Parecia retrocesso
Pois o destino do príncipe
Devia estar em recesso
Pra seu descontentamento
Em termos de casamento
Ele não tinha progresso.

A ladeira do sucesso
É difícil de escalar
Para conseguir subí-la
Tem que ser bem devagar
Passo a passo, com cautela,
Pra que se chegue ao fim dela;
Assim é fácil alcançar.

O príncipe a desanimar
Mas mantinha a esperança
Pois, como diz o ditado,
Quem espera sempre alcança
Assim pensando vivia
E de chegar o seu dia
Ele tinha confiança.

Não é que sua esperança
De repente floresceu!
Certa noite uma princesa
Em sua porta bateu
Chegou bonita e chorosa
A noite estava chuvosa
E o caminho ela perdeu.

Logo o rei a recebeu
Arisco e desconfiado
Ela disse: - Eu sou princesa
De um distante reinado
Passava aqui por ventura,
Com a noite chuvosa e escura
Eu me perdí do criado.

Estou num sufoco danado
Por favor, me deixe entrar,
Estou cansada e faminta
Só preciso descansar
De mim não precisa medo,
Porque amanhã bem cedo
Hei de o caminho encontrar.

O rei a deixou entrar
Ofereceu-lhe guarida
Mandou que a enxugassem
E que lhe dessem comida
Depois saiu a contento
Providenciar aposento
Para uma boa dormida.

Com a mente precavida
De humor se desvencilha
A história da princesa
Podia ser uma armadilha
Para não haver questões
Preparou sete colchões
E pôs embaixo uma ervilha.

Se é de nobre família
Vai ter sensibilidade,
No momento da dormida
Vai sentir dificuldade
Não consegue adormecer;
E se isso acontecer
É princesa de verdade.

E a sensibilidade
Na princesa apareceu
Algo a incomodava
E ela não adormeceu,
Noite inteira a se bolir
Nada do sono surgir
Até que adormeceu.

No rosto transpareceu
Aquela noite acordada
Se dormisse a noite inteira
Estaria descansada,
Mas no aspecto que estava
A palidez demonstrava
Que ela não dormiu nada.

Vendo a face descorada
O príncipe lhe perguntou
Se havia dormido bem
Ela então se desculpou
Respondeu que não dormiu
Pois na cama ela sentiu
Algo que a incomodou..

O rei então comprovou
Nas respostas que ela dava
Que era mesmo da nobreza
Seu gesto não enganava,
E sendo uma princesa
Era com toda certeza
A nora que procurava.

Nenhuma dúvida restava
As coisas se esclareceram
Os dois se apaixonaram
Os pais também concederam
Logo estavam casados
Juntaram-se os dois reinados
E para sempre viveram.

Os autores escreveram
Esse texto narrativo
Deram também à história
Sentido investigativo
E colhendo informação
Pra fazer a narração
Deu cunho dissertativo.

A ervilha é o motivo
De existir dissertação
Pois sendo um grão tão pequeno
Menor até que um feijão
E sob sete colchões
Não haveriam razões
Pra tanta incomodação.

Mas a valorização
Da espiritualidade
Mostra que a realeza
Tem mais sensibilidade
Em cada história contada
E todo conto de fada
Sempre mostra uma verdade.

Coragem, dignidade,
Era o que o príncipe buscava
Na verdadeira princesa
Por isso ele não casava
Pra formar sua família
E com a ajuda da ervilha
Achou o que procurava.

A ervilha representava
As várias opiniões
Presentes na realeza
Ao passo que os colchões
Em quantidades diversas
Representa as controversas
Camadas de distrações.

Formem suas opiniões
Pois isso não cabe a mim
Historinha é passatempo
Conto de Fada é assim,
Diversão ou brincadeira
Inventada ou verdadeira,
E essa chegou ao fim.
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 08/12/2021
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