José Medeiros de Lacerda

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Textos

LAMPIÃO ENTRE O AMOR E O CANGAÇO
Nosso Brasil onde existe
Grandes fontes de riqueza
É em sua maioria
Formado pela pobreza
Sem solução, sem revide
Quem tem muito não divide
Pois é grande a avareza.

O rico tem avareza
Pobre não tem abastança
Ao rico não interessa
Se o pobre tem poupança
Rico vive em mordomia
Seu poder não contagia
E só o pobre é quem dança.

Rico vive em segurança
Pobre nao tem proteção
Me faz lembrar a história
De um povo sem tradição
Que terminou em fracasso
Morrendo o Rei do Cangaço,
O famoso Lampião.

Toda organização
Tem que ter um governante
O cangaço tinha lideres:
O Jesuino Brilhante
João Calango, Antônio Silvino
Meia Noite, Virgolino
Foram grandes comandantes.

Antônio Silvino antes
Também foi um criminoso
Protetor de cangaceiros
Mau, perverso e orgulhoso
Que vivia assaltando
E mantinha no seu bando
Um batalhão perigoso.

Os coronéis poderosos
Contratavam cangaceiros
Que saiam em grandes bandos
Pareciam formigueiros
Para assaltar, dar castigo
Eliminar inimigos
E cuidar do seu dinheiro.

O grupo mais desordeiro
De toda a região
Foi o de Antônio Silvino
Governador do sertão
Mas o tempo foi passando
Os bandos se desmanchando
Até surgir Lampião.

De coragem e de ação
Por ter vida cangaceira
Nascido em  4 de julho
O Virgolino Ferreira
Com estudo e precisão
Colho essda informação
De uma fonte verdadeira.

Filho de família ordeira
Tinha obstinação
O batismo o padre disse
Como uma premonição:
Virgolino vai crescer
E um dia ainda vai ser
Falado em toda Nação.

Residente no sertão
Filho de um fazendeiro
Sua família sofria
Torturas o ano inteiro
E muita perseguição
Dor, ganância e ambição
De um coronel encrenqueiro.

Saturnino o fazendeiro
Maior daquela ribeira
Assassinou os seus pais
Tomou sua terra inteira
Virgolino perseguido
Aliou-se com os bandidos
Do chefe Sinhô Pereira.

Assim Lampião Ferreira
Por ser forte e valentão
Aliou-se aos marginais
Cansou de submissão
E injustiças sociais
Enfrentava policiais
E coronéis do sertão.

O bando de Lampião
Andava pela Bahia
Venerado pelos pobres
Pelas coisas que fazia
A todos ele ajudava
No lugar onde chegava
De fome ninguém morria.

O melhor na pontaria
No meio dos cangaceiros
Um exímio atirador
No rifle era ligeiro
De todos se destacava
Quando alguém um tiro dava
Ele dava três primeiro.

Ele era um cangaceiro
Se muita disposição
Não rejeitava parada
Era forte, valentão
Não acolhia desagrado
Matava cabra safado
Com a maior satisfação.

Certo dia Lampião
No Estado da Bahia
Conheceu uma bela moça
Cujo nome era Maria
Linda de olhos azuis
Essa beleza faz jus
A tudo que ele queria.

Nessa cidade Maria
Vivia com um sapateiro
Cansada daquela vida
Ajuntou um bom dinheiro
Pensando em se decidir
Um dia partir dali
E viver com o cangaceiro.

Viveu com o bandoleiro
Uma perseguição maldita
Recebeu de Lampião
A alcunha Maria bonita
Nos dois houve um forte laço
E entre o amor e o cangaço
Nasceu a filha Expedita.

Nessa corrida esquisita
Sem ter onde se abrigar
Brigando aqui e ali
Pronta a morrer e matar
Não podiam ter família
Tiveram que dar a filha
Para um coiteiro criar.

Convocado a guerrear
Tendo o governo na frente
Pois precisavam de ajuda
No combate aos tenentes
Tinham que mostrar servico.
Quem chamou foi Padim Ciço
Por ter fama de valente

A chamada de repente
Impressionou Lampião
Embora bem dedicado
Bem violento e durão
Era um fiel comedido
E não negava um pedido
Ao Padre Cícero Romão.

Patente de Capitão
Lhe fez um ser soberano
Punia até aliados
Que fossem contra seus planos
Mas quem ia combater
Teve que retroceder
Pra não cometer enganos.

Durante dezoito anos
Viveu como cangaceiro
Percorreu de canto a canto
O Nordeste Brasileiro
Combateu muitos soldados
Ajudou mil povoados
Esse notável guerreiro.

A fama de cangaceiro
Foi até o exterior
Implacavelmente foi
Cercado com seu amor
Numa grande emboscada
Em uma manhã raiada
Por causa de um traidor.

O cabra que o entregou
Foi Cangica, um coiteiro
Maria Bonita, a mulher
Foi alvejada primeiro
Se esparramando no chão
E depois foi Lampião,
Era o fim do cangaceiro.

A fuga pelo espinheiro
Ocorreu em disparada
Mas muitos cairam mortos
Durante essa emboscada
Outros foram baleados
E ainda vivos degolados
Com a cabeça decepada.

Cabeças foram levadas
Pra virar exposição
Como troféu dos soldados
Que faziam gozação
Ser pra uns foi alegria
Para a grande maioria
Foi uma indignação.

Com a morte de Lampião
O cangaço se abalou
Mas Corisco juntou todos
Que da chacina escapou
Não deixou ir ao fracasso
Virou Chefe do Cangaço
E a guerra continuou.

Saiu com todo furor
Junto à sua cabroeira
Pra vingar o seu compadre
Lá mesmo na capoeira
Encontrando o traidor
Da mesma forma cobrou
Como era a lei cangaceira.

Dadá sua companheira
Lutava sempre na frente
Lembrando a amiga Maria
Morta pelo chumbo quente
Cada tiro que ela dava
Era uma baixa que causava
No lado do combatente.

Logo um grande contingente
De polícia apareceu
Com armas de precisão
O cangaço enfraqueceu
Quase não tinha mais nada
Dadá ficou baleada
E até Corisco morreu.

Levadas para o museu
Onde estava Lampião
Dadá escapou com vida
Foi levada pra prisão
Com uma perna decepada
E não sobrou quase nada
Do cangaço no sertão.

Uma ou outra informação
De alguns gatos pingados
Tirana com um grupo novo
Zebedeu atrapalhado
Pouco a pouco se desfez
Até se extinguir de vez
O cangaço do passado.

Do cangaço tão falado
Foi grande a repercussão
A dança que eles criaram
Hoje é grande tradição
Aracaju ainda tem
Um museu com muitos bens
Do cangaço do sertão.
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 07/11/2021
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