José Medeiros de Lacerda

Leia poesia - A poesia é o remédio da alma

Textos

CANGACEIROS - PRISÕES E CAPTURAS
Dezenas de cangaceiros
Mortos ou capturados
Na história do cangaço
Naqueles tempos passados
Volantes pelos sertões,
Mortes e perseguições
Estão nos livros registrados.

Na imprensa do passado
Esse era o tema em questão
Faziam estardalhaço
Quando havia uma prisão
Os jornais comemoravam
Quando sabiam que matavam
Cangaceiros no sertão.

Divulgavam em profusão
Jornais de meio de feira
Falavam em Vila Bela
E toda aquela ribeira
Sempre a mais comentada
Por ser ali a morada
De Virgulino Ferreira.

Um tal Cícero Nogueira
Foi um cabra que morreu
E até comemoraram
Da forma que aconteceu,
Distante da cabroeira
O sujeito fez besteira
E eu conto como se deu.

O sujeito apareceu
Trilhando pelo caminho
Desgarrou-se da cambada
E caminhava sozinho
Quando a volante encontrou,
Um soldado o avistou
Mas ele entrou no espinho.

Como não tinha caminho
Não pôde continuar
Ao ser preso na volante
Pediu para conversar
Com o homem que o prendeu,
O chefe lhe concedeu
Com o outro ele foi falar.

Quando estava a conversar
Com o homem no matagal
Bateu com o chapéu de couro
Na cara do policial
E saiu em disparada,
Recebeu uma rajada
Morrendo ali no local.

Dezenas de cangaceiros
Mortos ou capturados
Na história do cangaço
Naqueles tempos passados
Volantes pelos sertões,
Mortes e perseguições
Estão nos livros registrados.

Na imprensa do passado
Esse era o tema em questão
Faziam estardalhaço
Quando havia uma prisão
Os jornais comemoravam
Quando sabiam que matavam
Cangaceiros no sertão.

Divulgavam em profusão
Jornais de meio de feira
Falavam em Vila Bela
E toda aquela ribeira
Sempre a mais comentada
Por ser ali a morada
De Virgulino Ferreira.

Um tal Cícero Nogueira
Foi um cabra que morreu
E até comemoraram
Da forma que aconteceu,
Distante da cabroeira
O sujeito fez besteira
E eu conto como se deu.

O sujeito apareceu
Trilhando pelo caminho
Desgarrou-se da cambada
E caminhava sozinho
Quando a volante encontrou,
Um soldado o avistou
Mas ele entrou no espinho.

Como não tinha caminho
Não pôde continuar
Ao ser preso na volante
Pediu para conversar
Com o homem que o prendeu,
O chefe lhe concedeu
Com o outro ele foi falar.

Quando estava a conversar
Com o homem no matagal
Bateu com o chapéu de couro
Na cara do policial
E saiu em disparada,
Recebeu uma rajada
Morrendo ali no local.

Com esses três fazendeiros
Encontraram munição
Um rifle e dois fuzis
E após interrogação
Disseram não saber nada,
Que as armas eram usadas
Para lhes dar proteção.

Não suportando a pressão
Resolveram confessar
Que os cangaceiros chegavam
Dispostos a lhes matar
Mas só queriam comer,
Eles, para não morrer,
Tinham sempre que ajudar.

Depois de muito apanhar
Muitos nomes entregaram
Polícia entrou em ação
E logo capturaram
Quinze homens nos matagais,
Com trinta policiais
No Recife aportaram.

Nessa leva então chegaram
Othin Alencar, Seu Né,
Camilo, o Pirulito
Candeeiro, Antônio Quelé,
Domingos, o Mão Foveira,
Adriel Ananais Pereira
E um tal bernardo José.

Um que chamavam Mulher
Porque tinha a fala fina
Fortunato, o Guará,
Ciço Flor, de Severina,
Manuel Torquato Amorim
E Antônio Serafim,
O Antônio de Ernestina.

Como uma peneira fina
Fizeram a decantação
Quem possuísse dinheiro
Salvava a situação
Da cadeia se livrava
Quem não tivesse ficava
Para mofar na prisão.

Um amigo de Lampião
Comerciante e coiteiro
Comerciante em Floresta
Ainda andou de cangaceiro,
Veio nessa comissão,
Saiu logo da prisão
Mas gastou um bom dinheiro.

O nome desse coiteiro
Emiliano Novais
De uma ilustre família
Amiga de policiais
Gastou todo seu dinheiro
Mas ajudar cangaceiro,
Disse ele, nunca mais.

E o cerco dos policiais
Na caatinga continuou
Até prender Casca Grossa
Que dessa vez entregou
Muitos dos seus companheiros,
Chegou a ganhar dinheiro
Na função de traidor.

Casca Grossa informou
Que Emiliano Novais
Tinha voltado pra luta
De novo nos carrascais
Com cem homens ao seu lado,
Até matou um soldado,
Cândido Souza Ferraz.

Emiliano Novais
Muita gente arrebanhou
De índio a escravo forro
No seu bando se instalou
Andando pelo sertão,
Com o bando de Lampião
Novamente se encontrou.

Lampião os convidou
Pra formarem parceria
Até um quase menino
Por nome de Ventania
Entrou na aglomeração.
Depois, o próprio Lampião
O menino entregaria.

Pois, segundo Ventania,
Lá na Serra do Umã,
Lampião com seus debiques,
Com sua alma pagã
Chegou todo mal criado
E havia desrespeitado
Sua prima, quase irmã.

Também, Serra do Umã,
Assim ficou conhecido
O chamado Mão Foveira
Um perigoso bandido
Que era filho de Azulão,
Já se encontravam detidos.

Haviam outros bandidos
Que por estar na prisão,
Escaparam da chacina
Que vitimou Lampião
E, mesmo cumprindo pena,
Tiveram uma vida plena,
Morreram em paz no sertão.

O cangaceiro Capão,
Velho ranzinza e mofino
Que pertenceu ao bando
Do chefe Antônio Silvino,
A Lampião se incorpora
Mas com o chefe de outrora
Ele selou seu destino.

O velho Antônio Silvino,
Antônio Batista Morais
O mais velho na prisão
Amigo dos policiais
Era sempre o mais visado
Para ser entrevistado
Nas revistas e jornais.

Presos pelos carrascais
Cadeia estava lotada
Vez por outra tinha uma
Turma sendo entrevistada
Podendo se destacar
O Cobra Verde, Guará,
O Recruta e o Cocada.

Cadeia sempre visitada
Buscando informação
Jornais e pesquisadores
Estavam sempre na prisão
Em busca mais apurada
Dos que viviam na estrada
Lutando de armas na mão.

Muitos tinham profissão
Vivendo prisioneiros
Alfaiates, armadores,
Poetas e sapateiros,
Marceneiros, ceramistas
Engraxates, desenhistas
E tinha até serralheiros.

Desses presos cangaceiros
Eu cito Isaías Vieira
O famoso Zabelê
Que também formou fileira
No bando de Lampião
E deu boa informação
Sobre a vida cangaceira.

Disse que na capoeira
Ao lado de Lampião
Se tinha barriga cheia,
Mas quando foi pra prisão,
Ficou lá abandonado
Por não ter advogado
Que lhe desse proteção.

Contou que lá na prisão
Sofrimento era dobrado
Se achava arrependido
Porém não por ter matado,
O seu arrependimento
Foi fraqueza de momento
Ter um dia se entregado.

Outro preso encarcerado
Que andou na capoeira
Foi José Alves de Lima
Que na vida cangaceira
José Guida era chamado
E pertenceu ao quadro
Do chefe Sinhô Pereira.

Um outro, Cícero Nogueira,
Apontado na prisão
Como sendo um coiteiro
Que apoiava Lampião
Mas também foi cangaceiro
Roubando no tabuleiro
Perturbando a região.

Outros nomes do sertão
De quem pouco se falou
Morreram na caatinga
Foi preso ou se entregou
Mais de cem nomes perdidos
Por não serem conhecidos
A Imprensa não registrou.

Baraúna, Bambelô
Bafo de Onça, Tirana,
Fala Baixo, Moita Brava,
Fuá, João de Mariana,
Marinheiro, Catulé,
Macaíba, Macaé,
Maritaca e Gitirana.

A história soberana
Contada sobre o cangaço
Só mostrou mais Lampião,
Porém o estardalhaço
Envolveu muito mais gente,
Na história, muito inocente
Findou fadado ao fracasso.

A poesia que eu faço
É baseada na história
Principalmente a esquecida,
Desprezada na memória,
Esses homens que penaram
Na caatinga e se enterraram
Sem conseguir uma vitória.

Levo o livro à compulsória
Mas continuo a escrever
A história do cangaço,
E sempre que aparecer
Algum fato do passado
Faço meus versos rimados
Pra o meu leitor conhecer.
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 07/11/2021
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