CANGACEIROS - PRISÕES E CAPTURAS
Dezenas de cangaceiros
Mortos ou capturados Na história do cangaço Naqueles tempos passados Volantes pelos sertões, Mortes e perseguições Estão nos livros registrados. Na imprensa do passado Esse era o tema em questão Faziam estardalhaço Quando havia uma prisão Os jornais comemoravam Quando sabiam que matavam Cangaceiros no sertão. Divulgavam em profusão Jornais de meio de feira Falavam em Vila Bela E toda aquela ribeira Sempre a mais comentada Por ser ali a morada De Virgulino Ferreira. Um tal Cícero Nogueira Foi um cabra que morreu E até comemoraram Da forma que aconteceu, Distante da cabroeira O sujeito fez besteira E eu conto como se deu. O sujeito apareceu Trilhando pelo caminho Desgarrou-se da cambada E caminhava sozinho Quando a volante encontrou, Um soldado o avistou Mas ele entrou no espinho. Como não tinha caminho Não pôde continuar Ao ser preso na volante Pediu para conversar Com o homem que o prendeu, O chefe lhe concedeu Com o outro ele foi falar. Quando estava a conversar Com o homem no matagal Bateu com o chapéu de couro Na cara do policial E saiu em disparada, Recebeu uma rajada Morrendo ali no local. Dezenas de cangaceiros Mortos ou capturados Na história do cangaço Naqueles tempos passados Volantes pelos sertões, Mortes e perseguições Estão nos livros registrados. Na imprensa do passado Esse era o tema em questão Faziam estardalhaço Quando havia uma prisão Os jornais comemoravam Quando sabiam que matavam Cangaceiros no sertão. Divulgavam em profusão Jornais de meio de feira Falavam em Vila Bela E toda aquela ribeira Sempre a mais comentada Por ser ali a morada De Virgulino Ferreira. Um tal Cícero Nogueira Foi um cabra que morreu E até comemoraram Da forma que aconteceu, Distante da cabroeira O sujeito fez besteira E eu conto como se deu. O sujeito apareceu Trilhando pelo caminho Desgarrou-se da cambada E caminhava sozinho Quando a volante encontrou, Um soldado o avistou Mas ele entrou no espinho. Como não tinha caminho Não pôde continuar Ao ser preso na volante Pediu para conversar Com o homem que o prendeu, O chefe lhe concedeu Com o outro ele foi falar. Quando estava a conversar Com o homem no matagal Bateu com o chapéu de couro Na cara do policial E saiu em disparada, Recebeu uma rajada Morrendo ali no local. Com esses três fazendeiros Encontraram munição Um rifle e dois fuzis E após interrogação Disseram não saber nada, Que as armas eram usadas Para lhes dar proteção. Não suportando a pressão Resolveram confessar Que os cangaceiros chegavam Dispostos a lhes matar Mas só queriam comer, Eles, para não morrer, Tinham sempre que ajudar. Depois de muito apanhar Muitos nomes entregaram Polícia entrou em ação E logo capturaram Quinze homens nos matagais, Com trinta policiais No Recife aportaram. Nessa leva então chegaram Othin Alencar, Seu Né, Camilo, o Pirulito Candeeiro, Antônio Quelé, Domingos, o Mão Foveira, Adriel Ananais Pereira E um tal bernardo José. Um que chamavam Mulher Porque tinha a fala fina Fortunato, o Guará, Ciço Flor, de Severina, Manuel Torquato Amorim E Antônio Serafim, O Antônio de Ernestina. Como uma peneira fina Fizeram a decantação Quem possuísse dinheiro Salvava a situação Da cadeia se livrava Quem não tivesse ficava Para mofar na prisão. Um amigo de Lampião Comerciante e coiteiro Comerciante em Floresta Ainda andou de cangaceiro, Veio nessa comissão, Saiu logo da prisão Mas gastou um bom dinheiro. O nome desse coiteiro Emiliano Novais De uma ilustre família Amiga de policiais Gastou todo seu dinheiro Mas ajudar cangaceiro, Disse ele, nunca mais. E o cerco dos policiais Na caatinga continuou Até prender Casca Grossa Que dessa vez entregou Muitos dos seus companheiros, Chegou a ganhar dinheiro Na função de traidor. Casca Grossa informou Que Emiliano Novais Tinha voltado pra luta De novo nos carrascais Com cem homens ao seu lado, Até matou um soldado, Cândido Souza Ferraz. Emiliano Novais Muita gente arrebanhou De índio a escravo forro No seu bando se instalou Andando pelo sertão, Com o bando de Lampião Novamente se encontrou. Lampião os convidou Pra formarem parceria Até um quase menino Por nome de Ventania Entrou na aglomeração. Depois, o próprio Lampião O menino entregaria. Pois, segundo Ventania, Lá na Serra do Umã, Lampião com seus debiques, Com sua alma pagã Chegou todo mal criado E havia desrespeitado Sua prima, quase irmã. Também, Serra do Umã, Assim ficou conhecido O chamado Mão Foveira Um perigoso bandido Que era filho de Azulão, Já se encontravam detidos. Haviam outros bandidos Que por estar na prisão, Escaparam da chacina Que vitimou Lampião E, mesmo cumprindo pena, Tiveram uma vida plena, Morreram em paz no sertão. O cangaceiro Capão, Velho ranzinza e mofino Que pertenceu ao bando Do chefe Antônio Silvino, A Lampião se incorpora Mas com o chefe de outrora Ele selou seu destino. O velho Antônio Silvino, Antônio Batista Morais O mais velho na prisão Amigo dos policiais Era sempre o mais visado Para ser entrevistado Nas revistas e jornais. Presos pelos carrascais Cadeia estava lotada Vez por outra tinha uma Turma sendo entrevistada Podendo se destacar O Cobra Verde, Guará, O Recruta e o Cocada. Cadeia sempre visitada Buscando informação Jornais e pesquisadores Estavam sempre na prisão Em busca mais apurada Dos que viviam na estrada Lutando de armas na mão. Muitos tinham profissão Vivendo prisioneiros Alfaiates, armadores, Poetas e sapateiros, Marceneiros, ceramistas Engraxates, desenhistas E tinha até serralheiros. Desses presos cangaceiros Eu cito Isaías Vieira O famoso Zabelê Que também formou fileira No bando de Lampião E deu boa informação Sobre a vida cangaceira. Disse que na capoeira Ao lado de Lampião Se tinha barriga cheia, Mas quando foi pra prisão, Ficou lá abandonado Por não ter advogado Que lhe desse proteção. Contou que lá na prisão Sofrimento era dobrado Se achava arrependido Porém não por ter matado, O seu arrependimento Foi fraqueza de momento Ter um dia se entregado. Outro preso encarcerado Que andou na capoeira Foi José Alves de Lima Que na vida cangaceira José Guida era chamado E pertenceu ao quadro Do chefe Sinhô Pereira. Um outro, Cícero Nogueira, Apontado na prisão Como sendo um coiteiro Que apoiava Lampião Mas também foi cangaceiro Roubando no tabuleiro Perturbando a região. Outros nomes do sertão De quem pouco se falou Morreram na caatinga Foi preso ou se entregou Mais de cem nomes perdidos Por não serem conhecidos A Imprensa não registrou. Baraúna, Bambelô Bafo de Onça, Tirana, Fala Baixo, Moita Brava, Fuá, João de Mariana, Marinheiro, Catulé, Macaíba, Macaé, Maritaca e Gitirana. A história soberana Contada sobre o cangaço Só mostrou mais Lampião, Porém o estardalhaço Envolveu muito mais gente, Na história, muito inocente Findou fadado ao fracasso. A poesia que eu faço É baseada na história Principalmente a esquecida, Desprezada na memória, Esses homens que penaram Na caatinga e se enterraram Sem conseguir uma vitória. Levo o livro à compulsória Mas continuo a escrever A história do cangaço, E sempre que aparecer Algum fato do passado Faço meus versos rimados Pra o meu leitor conhecer.
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 07/11/2021
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |