José Medeiros de Lacerda

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Textos

A PRINCESA E O SAPO
Era uma vez uma princesa
De um reino muito distante
Passava as tardes brincando
Com alguns animais falantes
E sua bola de ouro
Um verdadeiro tesouro
Que recebeu do infante.

Com seu vestido brilhante
Cheio de pedras preciosas
Correndo em volta de lírios,
De margaridas e rosas,
Ela se deliciava
Com as aves que cantava
E outras flores cheirosas.

Numa manhã nebulosa
Um dia estando a brincar
No jardim do seu castelo
Deixou a bola escapar
A bola saiu rolando
Pela grama deslizando
E ela tentando escapar.

Mas antes de alcançar
Sua bola deslizou
Caindo dentro do lago
No mesmo instante afundou
Ela só ficou olhando
O seu brinquedo afundando
E muito triste ficou.

Para seu vestido olhou
Cheia de preocupação
Se ela entrasse no lago
Seria a destruição
Daquela roupa dourada,
Ficou chorando, frustrada,
Com aquela situação.

Viu uma movimentação
Na água que se agitou
Entre chorosa e assustada
Surpresa ela observou
Alguém no lago nadando
Um sapo vinha chegando
E dela se aproximou.

O sapo então perguntou
Vendo a princesa sofrer
Que motivo ela teria
Para tanto padecer;
Em uma linda princesa
Não caberia tristeza
Por isso ele quis saber.

A linda princesa ao ver
Que o sapo se comoveu
Contou a história da bola
Que no lago se perdeu
Quando ela estava brincando
A bola saiu rolando
E ali desapareceu.

«Para entrar no lago eu
Meu vestido ia molhar»
O sapo lhe perguntou:
«Você não sabe nadar?»
«Eu sei, mas não faz sentido,
Meu valioso vestido
Com certeza ia estragar.»

S - Eu até posso pegar
Se você quiser assim.
A princesa perguntou:
P - Você faz isso por mim?
S - O que você me dará
Em troca se eu pegar?
- O sapo pergunta, enfim.

P - faça esse favor pra mim
- Ela responde chorando -
Dou o que você quiser.
O sapo foi se animando
E disse - Eu quero um amigo
Que possa jantar comigo
E me ouça de vez em quando

E quando me ver chorando
Me afague como eu sonhei
Com um beijo de boa noite
Coisa que eu nunca ganhei
Que se deite do meu lado
Durma sem está assustado
Pois sou muito feio, eu sei.

Ela disse: - Eu aceitei
Toda e qualquer condição!
O sapo pulou no lago
Voltou com a bola na mão.
Todo feliz e lampeiro
E lhe entregou bem ligeiro
Cheio de satisfação.

Com o objeto na mão
Ela saiu a correr
Em direção ao castelo
Sem sequer lhe agradecer
Cometendo desagrado
Deixando o sapo frustrado
Triste com seu proceder.

O sapo gritou, «você
Prometeu com garantia
Recompensar-me com um beijo
E eu fiz o que me pedia
Pra feliz você ficar
Não podia acreditar
Que uma princesa mentia.»

A partir daquele dia
O sapo lhe acompanhava
Estava sempre presente
No lugar onde ela estava
Tristonho, desiludido,
Lhe exigindo o prometido
Mas ela sempre negava.

Ele não desanimava
E ela sempre a negar
Pedia que ele desistisse
Deixasse de acompanhar
Até que ele desistiu
De segui-la e decidiu
Com o pai dela falar.

Estava ela a jantar
Com o rei em seu lazer
Quando bateram na porta
E ela foi atender
Era o sapo que pulando
Já foi entrando e falando:
- Eu vim jantar com você.

Ela lhe disse; - Não vê
Que está passando da hora?
Pegou delicadamente
O sapo e botou pra fora
Voltou pra mesa e sentou
Nisso o rei lhe perguntou
Porque o mandou embora.

Ela disse: - Não é hora
De ninguém nos visitar
O olhar severo do pai
Fez ela se encabular
E envergonhada contou
Como tudo se passou
E o porque dele estar lá.

Mas ela não ia pagar
Nem cumprir o prometido
Que ele era muito nojento
Porém o rei, decidido
Lhe disse: - você fez mal
Uma promessa real
Quem não cumprir é banido.

Vá cumprir o prometido,
Prometeu tem que pagar.
Ela então abriu a porta
O convidou pra jantar
Quando ele terminou
Para o seu quarto o levou
Mas sem com ele falar.

Não queria conversar
Com o sapo ao lado dela
Colocou-o pra dormir
Próximo a uma janela
O sapo falou por fim:
«Agora leia pra mim
Ó minha princesa bela!»

Depois voltou da janela
E se deitou ao seu lado
Ela apagou a luz
Pra não vê-lo ali deitado
Ele disse: «Eu não sabia
Que uma princesa mentia.
Que desonra pra o reinado!

Chorando resignado
Resolve então se calar
Ela encheu-se de coragem
Para a promessa pagar
A luz de novo acendeu
Abriu o seu livro e leu
Um canção de ninar.

O certo era cantar
Mas simplesmente ela lia
Depois começa a notar
Que o sapo atento lhe ouvia
E surpreendentemente
Viu que ele era inteligente
Engraçado e até sorria.

O rei que a tudo assistia
Viu que ela o acomodou
Na cama para dormir
Suavemente o beijou
E nesse exato momento
O sapo que era nojento
Em príncipe se transformou

A princesa se assustou
Vendo o príncipe ali deitado
Então ele lhe contou
Que havia sido enfeitiçado
Por uma bruxa malvada
Que o deixou, envenenada
Em um sapo transformado.

O feitiço foi quebrado
Com o beijo que ganhou
Ela ficou tão feliz
Um novo amigo encontrou
Para ter com quem brincar
Não iria mais ficar
Só conversando com flor.

O rei se admirou
Com aquela transformação
Um príncipe muito elegante
Estava ali no salão
Falando do seu passado
Tinha sido transformado
Devido uma maldição.

Agora ali no salão
Aproveitou o momento
Para pedir ao rei
Sua filha em casamento
O rei declarou enfim,
Se ela dissesse que sim
Daria o consentimento.

Ela sem constrangimento
Respondeu que casaria
Logo os dois se apaixonaram
O rei com muita alegria
Abençoou a princesa
Pois tinha plena certeza
Que chegaria esse dia.

Assim como acontecia
Nos grandes contos de fada
Na nossa vida real
Mudou pouco ou quase nada
A infância é inocência
Porém a adolescência
Tem a vida transformada.

Nem Papai Noel nem Fada
Hoje não existe mais
Pre adolescentes tem
Crises existenciais
Não se apegam a valores
E até mesmo seus amores
São só superficiais.

Não são histórias reais
Porém há certa igualdade
A princesa não queria
Ter responsabilidade
Pra juventude esse «papo»
De beijar um príncipe sapo
É pura disparidade.

Seja mentira ou verdade
A princesinha beijou
Aquele asqueiroso sapo
Que em príncipe se transformou
E seguindo as diretrizes
Casaram, foram felizes
E a história terminou.
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 05/11/2021
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