José Medeiros de Lacerda

Leia poesia - A poesia é o remédio da alma

Textos

JOÃO E MARIA
Era uma vez duas crianças
Chamadas João e Maria
Que viviam com seu pai
E uma madrasta fria
Numa casinha modesta
Perto de uma floresta
Que na região havia.

Essa família vivia
Numa extensa pobreza
Filhos sofriam com fome
Pai amargava a tristeza
Pois trabalho não havia
E ele mal conseguia
Botar comida na mesa.

Devido a grande pobreza
A madrasta que era má
Teve a infeliz idéia
Das crianças abandonar
Levá-los para a floresta
E na decisão funesta
Abandoná-los por lá.

Para o plano realizar
Ela convence o marido
Que não gostou da idéia
Por fim havia cedido
Se duas bocas saía
Na alimentação teria
Seus problemas resolvido.

Com a permissão do marido
Um plano realizaram
E no outro dia cedo
Todos na floresta entraram
Com a intenção de cortar lenha
Mas a decisão ferrenha
Pai e madrasta tomaram.

Em certo ponto pararam
Um pouco pra descansar
O pai acende uma fogueira
Pedem pra os filhos ficar
Ali juntinhos sentados
Que eles iam pelos lados
Alimentos procurar.

E não voltaram mais lá
Concretizando seu plano
Deixando João e Maria
Entregues ao desengano
Sozinhos, desamparados
Na floresta abandonados
Pelo seu gesto tirano.

O grande pai soberano
Nesse episódio se impôs
Fazendo com que o menino
Ouvisse a trama dos dois
E em casa ele juntou antes
Muitas pedrinhas brilhantes
Que usaria depois.

João com Maria e os dois
Enquanto íam caminhando
Íam soltando as pedrinhas
Que no chão íam ficando
Como marcas no caminho
Pra quando ficar sozinho
A volta ir indicando.

E foi desse jeito quando
O pai os abandonou
João e Maria seguiram
Onde as pedrinhas ficaram
Com calma, com paciência,
Usando de sapiência
Para casa retornaram.

Quando em casa chegaram
Que o pai os avistou
Vibrou de felicidade
Mas a madrasta surtou
Ficou bastante possessa
E com índole perversa
Num quarto ela os trancou.

Com o marido argumentando
O convencendo a levar
Para um lugar mais distante
Que não soubessem voltar
E dessa vez, como antes
Outras pedrinhas brilhantes
Não conseguiram levar.

De manhã ao acordar
De novo foram levados
Para um local mais distante
De onde tinham ficado
Dentro da floresta escura
E ali, por desventura
Os dois foram abandonados.

João tinha combinado
Na primeira refeição
Quando com a irmã receberam
Uma metade de pão
Que os pães não comeriam
Porque eles serviriam
Pra irem marcando o chão.

Porém essa decisão
Não pôde lhes ajudar
Pois as migalhas deixadas
Para o caminho mostrar
Os passarinhos comeram
A trilha eles perderam
E não souberam voltar.

Saíram os dois a vagar
Tristes, famintos, cansados,
Encontraram uma casinha
Com bolos, doces, salgados
Eles se aproximaram
Comeram, se alimentaram
Até ficar saciados.

Depois de alimentados
Avistaram uma velhinha
Que se aproximou dos dois;
Era a dona da casinha.
Lhes convidam para entrar
E os mandam se deitar
Em uma cama que tinha.

Na verdade a tal velhinha
Era uma bruxa má
Que lhes oferece tudo
Não deixa nada faltar
E eles enternecidos,
Felizes, agradecidos,
Ficaram morando lá.

A intenção da bruxa má
Não foi solidariedade
Ela queria engordá-los
Para comê-los mais tarde
Quando achasse conveniente
E as crianças inocentes
Não sabiam da verdade.

A bruxa má, por maldade,
Passados mais alguns dias
Prendeu João numa gaiola
Deixando livre Maria
Pois com ele aprisionado
A irmã tomava cuidado,
Sozinha não fugiria.

O que a bruxa queria
É que ele engordasse mais
Para assá-lo no forno
Mas João, sempre perspicaz
Fingia que magro estava,
Assim ela não o assava
Com seu instinto voraz.

Ela sem esperar mais
Resolve então proceder
O assamento de João
Para depois o comer
O forno com lenha encheu
Depois que o abasteceu
Mandou Maria acender.

Quando estava a acender
Esquentando o ambiente
Ela foi ver se já tinha
Braseiro suficiente
Para o menino assar
E depois o devorar
Enquanto estava quente.

E cantando alegremente
Do forno se aproximou
Chegando perto da boca
María a empurrou
Fechando a porta ligeiro
Ela caiu no braseiro
E ela própria se assou.

Maria então libertou
O seu irmão da prisão
Pegaram muitas riquezas
Que havia num matulão
E enquanto a velha ardia
Os irmãos João e Maria
Ganhavam a libertação.

Correram sem direção
Pela floresta perdidos
Passaram dias vagando
Ora andando, ora escondidos
Mas não se desesperaram
Até que enfim chegaram
Aonde tinham vivido.

Pelo papai recebidos
Que chorava de alegria
Vendo seus filhos voltarem
A antiga moradia
Se a mulher se aproximava
O pai feroz a enxotava
Com garra e com valentia.

Jamais o pai deixaria
A mulher fazer-lhes mal
Por causa dela ficaram
Perdidos no matagal
Ela que se fosse embora
Mas as crianças agora
Teriam vida normal.

Essa história, afinal
Escrita por alemães
Mostra a grande diferença
Entre madrastas e mães
Pois nem sempre existe amor
Como Jesus ensinou
Entre as famílias cristãs.

Em um cesto de maçãs
Sempre há uma diferente
Prejudicando a harmonia
Modificando o ambiente
Se não forem excluídas
Todas as maçãs contidas
Apodrecem certamente.

Acontece com a gente
Essa falta de harmonia
Muitas vezes acontece
Como com João e Maria
O pai sofrendo influência
Pecou pela inconsciência
Que na madrasta existia.

Pode acontecer um dia
Com qualquer outra pessoa
Ter mãe igual a madrasta
Ou ter uma madrasta boa
Ou alguém pra prejudicar
A harmonia do seu lar
E sair vagando à toa.

Essa historinha é boa
Pois teve um final feliz
As crianças padeceram
Como a história diz
E até uma bruxa malvada
Terminou sendo julgada
Por Deus, supremo juiz.

Toda criança feliz
Tem que brincar, estudar
Conhecer essas histórias
Que não tem no celular,
Se não forem estudadas
Os velhos contos de fadas
Podem um dia acabar.

Sempre há alguém pra contar
Pra quem ainda não viu
Contos de fada estrangeiros
Traduzidos no Brasil
Simplórios ou controversos
E eu descrevi em versos
Mais uma História Infantil.
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 05/11/2021
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