José Medeiros de Lacerda

Leia poesia - A poesia é o remédio da alma

Textos

O PATINHO FEIO
Era manhã de verão
Uma pata havia botado
Cinco ovos no seu ninho
O tempo havia passado
E ela estava aguardando
Que os ovos fossem quebrando
Com os filhotinhos chegados.

Primeiro ovo quebrado
Mamãe ficou bem contente
Os outros foram nascendo
Um atrás, outro na frente
Quatro patinhos chegados
Só um chegou atrasado
E até nasceu diferente.

A mamãe, surpreendente
Pergunta, - O que aconteceu?
Esse patinho é tão feio,
Não pode ser filho meu
Galinha comendo milho
Diz, - Como não é teu filho
Se no teu ninho nasceu?

Toma lá que o filho é teu,
Não tens pra onde correr!
Mamãe pata ouvindo isso
Tratou logo de esconder
O seu feioso filhinho
Deixando-o fora do ninho
Que era para ninguém ver.

Começaram a crescer
Com pato pra todo lado
O outro cada vez mais feio,
Cada vez mais isolado
No lugar aonde ia
Servia de zombaria
Que o deixava angustiado.

Com o inverno chegado
Ele resolve partir
Deixar a sua família
Sem saber pra onde ir
A sua mãe não importava
Aos irmãos envergonhava
Tinha mesmo que sair.

Se tinha mesmo que ir
Foi isso que aconteceu
Andou bastante e encontrou
Um homem que o acolheu
Lhe deu guarida e carinho
E o pobre do patinho
Uns dias feliz viveu.

Mas aí apareceu
Uma pedra em seu caminho,
O homem que o acolheu
Também criava um gatinho
Que morrendo de ciume
Fez lá um certo queixume
E expulsou o patinho.

O pato ficou sozinho
E tristonho novamente
Saiu pela estrada a fora
Caminhando no sol quente
E depois de muito andar
Ele avistou um lugar
Bonito e surpreendente.

Aquele novo ambiente
Bonito e aconchegante
Tinha um lago cristalino
Com paisagem verdejante
Era um lugar ideal
Para um descanso, afinal
Ele já estava ofegante.

Num lugar aconchegante
Deitou-se pra descansar
Nesse momento, crianças
Que estavam a brincar
Vendo o patinho pararam
E dele se aproximaram
Para lhe cumprimentar.

Começaram a falar
E ele sem entender
«Nossa, como ele é lindo!»
Era o que ouvia dizer
E ficava procurando
Com quem estavam falando,
Com ele não podia ser.

Perguntam: «Quem é você?
De onde você saiu?
Chegou nadando no lago?»
Então o patinho ouviu
Uma criança dizer:
«Bonito como você
Por aqui nunca se viu!»

Então o pato saiu
De onde estava estendido
Sabia que estavam mangando
Ficou muito ressentido
Do lago se aproximou
E na água observou
O seu rosto refletido.

Até fazia sentido
O que diziam de fato
Ele era muito bonito
Não era nenhum boato.
Só então compreendeu
Que desde quando nasceu
Ele era cisne, não pato.

E ali, cheio de aparato
Foi muito bem recebido
Ficou vivendo entre os cisnes
Por todos muito querido
Mamãe pata o esqueceu
Pra ela o filho viveu
Num paraiso perdido.

E o patinho esquecido
Que nasceu no ninho errado
Agora cheio de vida
Naquele lago dourado
Vivendo entre seus iguais
Não precisou nunca mais
Viver triste e angustiado.

A vida é um mundo encantado
Quando se é bem pequeno
Quando se vai descobrindo
O mundo é bem mais sereno
E ao deixar de ser criança
Se descobre a importância
Do conhecimento pleno.

Enquanto se é pequeno
Sente outro tipo de dor
No caso desse patinho
Viveu no «seja o que for»
Pela mãe discriminado
Até ser valorizado
E descobrir seu valor.
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 05/11/2021
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