O PATINHO FEIO
Era manhã de verão
Uma pata havia botado Cinco ovos no seu ninho O tempo havia passado E ela estava aguardando Que os ovos fossem quebrando Com os filhotinhos chegados. Primeiro ovo quebrado Mamãe ficou bem contente Os outros foram nascendo Um atrás, outro na frente Quatro patinhos chegados Só um chegou atrasado E até nasceu diferente. A mamãe, surpreendente Pergunta, - O que aconteceu? Esse patinho é tão feio, Não pode ser filho meu Galinha comendo milho Diz, - Como não é teu filho Se no teu ninho nasceu? Toma lá que o filho é teu, Não tens pra onde correr! Mamãe pata ouvindo isso Tratou logo de esconder O seu feioso filhinho Deixando-o fora do ninho Que era para ninguém ver. Começaram a crescer Com pato pra todo lado O outro cada vez mais feio, Cada vez mais isolado No lugar aonde ia Servia de zombaria Que o deixava angustiado. Com o inverno chegado Ele resolve partir Deixar a sua família Sem saber pra onde ir A sua mãe não importava Aos irmãos envergonhava Tinha mesmo que sair. Se tinha mesmo que ir Foi isso que aconteceu Andou bastante e encontrou Um homem que o acolheu Lhe deu guarida e carinho E o pobre do patinho Uns dias feliz viveu. Mas aí apareceu Uma pedra em seu caminho, O homem que o acolheu Também criava um gatinho Que morrendo de ciume Fez lá um certo queixume E expulsou o patinho. O pato ficou sozinho E tristonho novamente Saiu pela estrada a fora Caminhando no sol quente E depois de muito andar Ele avistou um lugar Bonito e surpreendente. Aquele novo ambiente Bonito e aconchegante Tinha um lago cristalino Com paisagem verdejante Era um lugar ideal Para um descanso, afinal Ele já estava ofegante. Num lugar aconchegante Deitou-se pra descansar Nesse momento, crianças Que estavam a brincar Vendo o patinho pararam E dele se aproximaram Para lhe cumprimentar. Começaram a falar E ele sem entender «Nossa, como ele é lindo!» Era o que ouvia dizer E ficava procurando Com quem estavam falando, Com ele não podia ser. Perguntam: «Quem é você? De onde você saiu? Chegou nadando no lago?» Então o patinho ouviu Uma criança dizer: «Bonito como você Por aqui nunca se viu!» Então o pato saiu De onde estava estendido Sabia que estavam mangando Ficou muito ressentido Do lago se aproximou E na água observou O seu rosto refletido. Até fazia sentido O que diziam de fato Ele era muito bonito Não era nenhum boato. Só então compreendeu Que desde quando nasceu Ele era cisne, não pato. E ali, cheio de aparato Foi muito bem recebido Ficou vivendo entre os cisnes Por todos muito querido Mamãe pata o esqueceu Pra ela o filho viveu Num paraiso perdido. E o patinho esquecido Que nasceu no ninho errado Agora cheio de vida Naquele lago dourado Vivendo entre seus iguais Não precisou nunca mais Viver triste e angustiado. A vida é um mundo encantado Quando se é bem pequeno Quando se vai descobrindo O mundo é bem mais sereno E ao deixar de ser criança Se descobre a importância Do conhecimento pleno. Enquanto se é pequeno Sente outro tipo de dor No caso desse patinho Viveu no «seja o que for» Pela mãe discriminado Até ser valorizado E descobrir seu valor.
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 05/11/2021
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