José Medeiros de Lacerda

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Textos

A GATA BORRALHEIRA
Era uma vez uma menina
Bonita por natureza
De porte muito elegante
Andar cheio de leveza
Seu coração era um ninho
De ternura e de carinho
E era filha da nobreza.

Aquela linda princesa
Por nome de Cinderela
Tinha uma mãe amada
Que era o mundinho dela
O pai sempre estava ausente
Porém sua mãe presente
Fazia tudo por ela.

A pequena Cinderela
Tinha até uma criada
Mas o destino cruel
Preparou-lhe uma cilada
Levou sua mãe querida
E ela desprotegida
Se sentiu abandonada.

. Seu pai não cuidava nada
Da vida da sua filha
E sendo ele um fidalgo
Precisava ter família
E se casou novamente
Com uma mulher prepotente
Que já tinha uma quadrilha.

Aquela nova família
Não lhe ajudava em nada
A mulher com duas filhas
Dispensou a empregada
Assumiu todo comando
E provocando desmando
Fez da menina criada.

Cinderela desprezada
Lembrava com amargura
A sua mamãe querida
Que a amava com ternura
E agora, desempregada
Era só uma criada
Vivendo sua desventura.

Numa vida de aventura
Baile, festa, convenção
A madrasta com as filhas
Viviam de diversão
E Cinderela, sozinha
Da despensa pra cozinha
Varrendo, limpando o chão.

Uma ou outra ocasião
Saía com a família
Porque o pai exigia
Participação da filha
Mas ia sem se maquiar
Sem roupa elegante usar
Parecendo uma maltrapilha,

Pra madrasta e suas filhas
Colares, brincos, pulseira
Pra desditosa enteada
Borralho, lixo, sujeira
Em tudo era rejeitada
Pelas algozes tratada
Como Gata Borralheira.

Mesmo com toda canseira
Ela a tudo suportava
Pois era muito bondosa
E a nada revidava
Pois revidar não sabia,
Em tudo que se metia
Sua beleza realçava.

As megeras lhe invejavam
Por serem feias de mais
Se recebiam visitas
De algum jovem rapaz
A nenhum satisfaziam
Mas se Cinderela viam
Não esqueciam jamais.

Porém tudo que Deus faz
É tolice contestar.
Um jovem príncipe do reino
Em idade de casar
Precisava escolher
Aquela que iria ser
Eternamente seu par.

Resolve então convidar
As moças do seu reinado
E promoveria um baile
No grande salão dourado
Do castelo onde seria
Escolhida a que iria
Estar com ele casado.

No reino e outros condados
A notícia se espalhou
Donzelas de toda parte
À festa participou
Na intenção de conquistar
Tentariam agradar
Ao príncipe com quem sonhou.

Essa notícia chegou
Na casa da Cinderela
A madrasta e suas filhas
Também deixaram que ela
Da festa participasse
Mas longe delas ficasse
Pra não provocar novela.

Também vestido pra ela
Não permitiram comprar
As outras, muito elegantes
Para o príncipe conquistar
Roupas de seda, pulseira...
E a Gata Borralheira?
Como chegaria lá?

Os bichinhos do lugar
Amigos da Cinderela
Costuraram com retalhos
Um vestidinho pra ela
E a vestiram de princesa;
Sería da festa, certeza,
A mais bonita donzela.

Porém quando as irmãs dela
A viram linda e vestida
Rasgaram o seu vestido
Deixando-a semi-despida
Num gesto vil desumano
E concretizando o plano
Saíram sem despedida.

Chorando descomedida
Pelo que aconteceu
Sentou-se frente à lareira
Quando lhe apareceu
Uma senhora bondosa
E vendo a moça chorosa
Seu pranto lhe comoveu.

Essa que apareceu
Assim sem se esperar
Era sua fada madrinha
Que vinha lhe ajudar
Se aproximou da lareira
Disse: - Gata Borralheira,
Por que estás a chorar?

Tu não devias estar
Com as tuas companheiras?
Disse a moça: - Elas não são
Amigas, são traiçoeiras
Disseram que eu não podia
Ir porque eu só servia
Pra ser Gata Borralheira.

- Tu vais de qualquer maneira
- Responde a fada madrinha -
Vá até ali na horta
Traga uma abóbora cheinha
E o resto deixe comigo;
Vou lhe tirar do castigo
Pois essa tarefa é minha.

Sou tua fada madrinha
Em mim podes confiar;
Transformou logo a abóbora
Numa carruagem exemplar
E transformou seis ratinhos
Em seis cavalos branquinhos
Pra carruagem puxar..

Com a varinha a apontar
Para um pequeno barreiro
Transformou um grande rato
Num elegante cocheiro
E pra vestir Cinderela
Da indumentária dela
Fez o vestido primeiro.

O elegante cocheiro
Bem vestido para tal
Para os pés de Cinderela
Sapatinhos de cristal
E antes de dar partida
Sua fada decidida
Deu-lhe o conselho final.

Carruagem, animal,
Voltam a desencantar
Quando bater meia noite
E você tem que voltar
Antes que quebre o encanto;
Volte aqui para o seu canto
Pra ninguém desconfiar

Foi Cinderela chegar
O baile ficou mudado
Virou atração da festa
Deixando tudo intrigado
Com seu porte de princesa;
O príncipe vendo a beleza
Ficou logo apaixonado.

Esquecendo os convidados
A convidou pra dançar
Não se afastou mais dela
Com os outros a lhe invejar
Lhe cobrindo de carinho
A levou para um cantinho
Começaram a namorar.

E haja o tempo a passar
Cinderela se empolgando
Começa a tocar o sino
Meia noite anunciando
Nisso a Gata Borralheira
Em disparada carreira
Deixou o príncipe sonhando.

Quando correu foi deixando
Cair um seu sapatinho
Que o príncipe encontrou
E o guardou com carinho
Porque ia a procurar
E para a dona encontrar
Ele seria o caminho..

Ficou o príncipe sozinho
Em desmedida tristeza
No outro dia o assunto
No palácio era a princesa
Que a todos impressionou
E assim como chegou
Também saiu de surpresa.

Ali, só uma certeza,
O príncipe ia procurar
A dona do sapatinho
Na esperança de encontrar
E quando a encontrasse
Já resolvia o impasse:
Com ela ia se casar.

Continua a procurar
Pela região inteira
E o sapatinho não dava
Em nenhum pé de faceira
Em busca desanimada
Só faltava uma morada:
A da gata borralheira.

A madrasta interesseira
Ao ver o príncipe chegar
Trancafiou Cinderela
Mandou as filhas provar
Mas pra desespero seu
O sapatinho não deu
Para as feiosas calçar.

Antes de se retirar
O príncipe comentou:
Aqui tem outra menina
Que não experimentou.
A madrasta disfarçada
Disse: - É só uma criada
E em nada participou.

Mas o príncipe retrucou:
Não é a sua enteada?
Se é filha do seu marido,
Por que fazê-la criada?
Que fraco seu proceder!
Trate logo de dizer
Onde ela está trancada.

A madrasta envergonhada
Foi buscar a Cinderela
O príncipe a reconheceu
Só pelo sorriso dela
Segurou o seu pezinho
Colocou o sapatinho
Coube direitinho nela.

Já convidou Cinderela
Para com ele casar
Ela de pronto aceitou
E houve festa no lugar
A madrasta por seu posto
Quase morre de desgosto
Com as filhas a chorar.

Tiveram que suportar
O título de Cinderela
Que delas era a criada
E agora mandavam nelas
Cinderela por sua vez
Ainda convidou as três
Pra irem morar com ela.

Nessa historinha bela
O príncipe com sua amada
Foram felizes pra sempre
Sem empecilho de nada.
Essa história não se esquece
Como sempre acontece
Em qualquer conto de fada.
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 05/11/2021
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