A CHAVE DOURADA
Olá, Criancinha linda,
Venho convidar você Para brincarmos um pouco Mas não é de se esconder Nem toca o amarelinha, É uma brincadeirinha Onde eu te chamo pra ler. Quero convidar você, Te chamar, como se diz, Para uma longa viagem A um distante país Usando a imaginação Conhecer essa Nação De um povo muito feliz. Esse ditoso país Cercado de muitas ilhas Tem o sugestivo nome De País das Maravilhas, Tinha lindos animais Que auxiliavam os pais Cuidar dos filhos e filhas. Distante algumas milhas Do país que aqui eu disse Morava uma garotinha Que tinha o nome de Alice Loirinha, maravilhosa Educada, estudiosa Um mar de pura meiguice Um dia a menina Alice Pelo bosque passeando Encontrou um lindo coelho E ficaram conversando Ela nada entendia O que o coelhinho dizia Mas ficava imaginando. O coelho foi se afastando Ela para não perdê-lo Embrenhou-se pelo bosque Em completo desmazelo Sem notar que se afastava, De casa se distanciava, Estava feito o desmantelo. E querendo não perdêlo Continuou seguindo o coelho Entrou numa grande gruta Ferindo um pouco o joelho Ela ali viu outro mundo, Um grande lago profundo Que parecia um espelho. Esquecendo um pouco o coelho Ela resolveu entrar Naquela água espelhada E começou afundar, Quanto mais ela afundava Só água espelhada achava Nada de chão encontrar. Haja a menina afundar Até que chegou no chão Tudo era diferente:; Havia um grande salão Era outra Natureza... No centro havia uma mesa E na mesa um garrafão. Voltou a sua atenção Para uma chave dourada Bem ao lado da garrafa Que a deixou ofuscada; E como estava sedenta Aquela água barrenta A deixou muito animada. Estava entusiasmada Com aquela novidade Quis logo pegar a chave Porém a necessidade Devido estar sedenta, Aquela água barrenta Era uma preciosidade. Mas a maior novidade Era uma frase gravada Onde estava escrito: «Beba-me» Na garrafa pendurada... Sorveu a água fresquinha E ficou pequenininha Como uma polegada! Ficou um tanto assustada Com aquilo ao seu redor Estava dimuida Ou tudo ficou maior Só depois compreendeu Que o líquido que bebeu Fez ela ficar menor. A relva ao seu redor Chegava lhe meter medo Qualquer raminho de folhas Parecia um arvoredo Alice sem entender Queria muito saber Daquela água o segredo. Porém aquele enredo Não sabia desvendar A chave ficou na mesa Sem conseguir alcançar Por estar diminuída; Desenganada da vida Começou logo a chorar. Chorando pôs-se a andar Por aquele bosque vago As lágrimas caíam tanto Que formou um grande lago E viu bichinhos nadando Debatendo, se afogando Sem poder dar-lhes afago. E aumentava mais o lago Quanto mais ela chorava Nadando em suas lágrimas Notou que também boiava; Uma pequena caixinha Que à deriva também vinha E dela se aproximava. Em instantes alcançava A caixa naquele rolo Dentro da caixinha havia Um bom pedaço de bolo Que iria lhe alimentar Sua fome saciar E lhe servir de consolo. Um pequeno escrito tolo Na caixinha apareceu «Coma-me», a frase dizia, Pegou o bolo e comeu. E tudo que era gigante Diminuiu num instante, Só seu tamanho cresceu. Tudo à vista se inverteu, Só ela era gigante; O lago onde ela nadava Também sumiu num instante Ficou só uma laminha Como sendo uma formiguinha Son os pés de um elefante. Para seu maior displante Ainda pôde avistar Aquela chave dourada Mas não podia alcançar Pela sua enormidade, E por incapacidade Não conseguia alcançar. Antes de se imaginar De forma descomunal Ficou pequena outra vez Num gesto brusco e banal. Esticava e encolhia E tudo que ela queria Era voltar ao normal. O lago artificial Que suas lágrimas formou Novamente apareceu E seu corpinho inundou. Quando olhou para o lado Daquele lago salgado Um grande rato avistou. Então se aproximou Redemoninhando à toa Imaginando que o rato Teria uma alma boa Perguntou sem aparato: - Responda-me, amigo rato, Como sai dessa lagoa? A pergunta não foi boa Pois perguntou em francês Quis ser bastante educada E provocou insensatez, Em vez de chamar-lhe rato Chamou o bicho de gato E a confusão se fez. O rato por sua vez Ficou muito indignado Ao confundirem seu nome Com seu maior intrigado Mas ela se desculpou Reconheceu que errou Ao ter seu nome trocado. O rato muito educado Foi dizendo: - É por aqui Logo outros bichos chegaram Todos querendo intervir Mas com a passagem estreita Estava a bagunça feita Sem ninguém poder sair. Resolveram competir Todos em uma corrida Pois correndo se secavam E achariam a saída Um ao outro se ajudava No final não importava Quem ganharia a partida. E teve início a corrida Sem ter um fim ou começo Todos correndo a seu modo Cada qual com seu apreço Quando alguém pronunciou :- A corrida terminou E não vai ter recomeço! Outro alguém gritou avesso: - E quem foi o vencedor? Quem levou o grande prêmio? Terá sido o roedor? Quando uma ave respondeu: - Desta vez ninguém venceu. Aqui quem correu ganhou. Todo mundo se secou E essa era a intenção No fim todos aplaudiram Na mais perfeita união Alice até já sorria Tendo tanta companhia Sem nenhuma confusão. Lhe veio a recordação Como tudo aconteceu Lembrou do coelhinho branco Que ali desapareceu Lembrou da chave dourada Da garrafa derramada E do líquido que bebeu. O bolo que ela comeu Tanto pranto derramado Que deu até pra formar Um grande lago salgado Tantos bichos sem ação Procurando salvação Outros morrendo afogado. Até mesmo seu estado Que de repente crescia E em fração de segundos De novo diminuía Como foi parar ali Como poderia sair Era grande a agonia. A chave que ela queria Dela se distanciou Restando só a lembrança Como de alguém que sonhou Continuava pequena Ou gigante, nada plena, Seu tamanho não voltou. Por último ela lembrou Do lago como um espelho Daquela gruta minúscula Onde ralou o joelho Quando estava a caminhar E resolveu penetrar Naquela toca do coelho.
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 05/11/2021
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