José Medeiros de Lacerda

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Textos

BISCOITÃO UMA LENDA PARAIBANA
Quem vive sempre mentindo
Não sabe bem o que diz
Por mais seguro que seja
Um dia se contradiz
Pois a verdade resiste,
Quem na mentira persite
Nunca pode ser feliz.

Tem um ditado que diz
Embora disparidade
Se a mentira é duradora
Um dia vira verdade
Há quem minta por prazer
Uns mentem por merecer
Outros por necessidade.

Seja mentira ou verdade
Seja soneto ou emenda
Nada dura para sempre
Quem não sabe disso aprenda
Mas quem foi celebridade
Partindo pra eternidade
Cá na terra vira lenda.

Pra que o leitor entenda
O assunto ao qual me privo
Como havia prometido
Vou remexer meu arquivo
E escrever de coração
A LENDA DO BISCOITÃO
Pra lembrar Antônio ivo.

Esse o principal motivo
Da minha composição
Lembrar quem viveu conosco
Sempre na oposição
Por trinta anos seguidos
Todo tempo perseguido
E alcunhado de ladrão.

Servindo à população
Com firmeza e rebeldia
Quanto mais o insultavam
Tanto mais ele crescia
Mais o povo o adorava
Mais ao pequeno ajudava
Era assim que ele vivia.

Um defeito só trazia
(Na minha opinião)
Era a falta de critério
Ao fazer a seleção
De quem o auxiliava
E a esses ele entregava
Toda sua posição.

Sua administração
Era o secretariado
Que fazia o que queria
Geralmente tudo errado
Em nada ele opinava
Mas quando a bomba estourava
Só ele era culpado.

Por isso até foi cassado
Acusado de ladrão
E partiu de sua terra
Sem levar nenhum tostão
Era injustiça pura
Do tempo da ditadura
Que fazia acusação.

Depois disso o Biscoitão
Chegou a ser deputado
Contra todos os poderes
Da cidade  e do estado
Quanto mais o acusavam
Mais ele se destacava
Mais pelo povo era amado.

Já trinta anos passados
Ele sempre perseguido
Chegou a ser dissidente
Mesmo dentro do partido
E deu a volta por cima
Com o Grupo Cunha Lima
No Estado o mais querido.

O adversário sentido
Com aquela união
Se sentindo ameaçado
De perder a eleição
Fez sua vez de falsário
Se uniu ao mandatário
Da casa da Redenção.

Com essa falsa união
Começou o "piriri"
A maldição tomou conta
Do vale do Sabugi
Foi prefeito assassinado
Prefeito suicidado
E a cidade a decair.

Nada pôde progredir
Daquele tempo pra cá
É seca seguindo seca
Os açudes a secar
E as obras inacabadas
Por Antônio começadas
Ninguém mais quer terminar.

Quem vive sempre a zombar
Aproveita a situação
Pra falar de Antônio Ivo
Em qualquer ocasião
Num acinte vil e imundo
Pois até cheque sem fundo
Chamam "Cheque Biscoitão."

Quando é tempo de eleição
Se aproveitam do momento
Usando o nome de Ivo
Pra fazer agrupamento
Copiando seu estilo
Falando nisso e naquilo
Pra lograr algum intento.

Depois desse movimento
Os currais eleitorais
Fecham todas as cancelas
Cessam todos comensais
E o nome de Antônio ivo
Volta outra vez ao arquivo
Nele não se fala mais.

Há alguns anos atrás
Quando ele era oposição
Vivia bem mais feliz
Mesmo em perseguição
Mas ao seu povo ajudava
Todos o idolatrava
E o tinha como irmão

Depois daquela união
Com o grupo dos rivais
Ele seguiu iludido
Sem consultar seus iguais
E nessa falsa ilusão
Deixou a oposição
Não regressou nunca mais.

Quando quis voltar atrás
Tentou mais não conseguiu
A pressão foi tão intensa
Que ele não resistiu
Gente sem capacidade
Lhe turvava a liberdade
Por isso ele sucumbiu.

Nossa cidade assistiu
O seu triste passamento
Os que ele havia esquecido
Chorava aquele momento
E a «falsa situação»
Barrando a televisão
Com medo de movimento.

A partir desse momento
Tudo se modificou
Ninguém quer mais concluir
As obras que ele deixou
Nada mais se faz de novo
E pra tristeza do povo
Até o açude secou.

Quem era vereador
Eleito com sua ajuda
Depois que ele se foi
Ficou no Deus nos acuda
Hoje alguns dos eleitos
Teve que dar outros "jeitos"
Pois a Prefeitura é muda.

Também sem a sua ajuda
Muita gente que vivia
A sombra do seu sucesso
Gozando de mordomia
Perdeu a paz e o sossego
Não conseguiu mais emprego
Perdeu até a alegria.

Acabou-se a hipocrisia
Pois a vida nos ensina
Sei da história de um deles
Que tinha vida granfina
Hoje vive padecendo
Como frentista vivendo
Num posto de gasolina.

Até mesmo a medicina
Que era o seu natural
Pois ele era a solução
Pra qualquer tipo de mal
Hoje é aquele marasmo
Não há mais entusiasmo
Lá dentro do hospital.

Se me expressei bem ou mal
Escrevi de coração
A triste realidade
Que impera no sertão
Por um líder do passado
Está escrito e editado
A LENDA DO BISCOITÃO
Salvador, 21/02/2013
SÉRIE LENDAS BRASILEIRAS - VOLUME 30          
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 12/07/2015
Alterado em 20/11/2022


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