José Medeiros de Lacerda

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Textos

GATO UM ÍNDIO CANGAÇEIRO
O cangaço no Nordeste
Muita gente conheceu
Quem não viveu nesse tempo
Mas com certeza já leu
Algo sobre Lampião
O grande herói do sertão
E a forma que ele morreu.

O cangaço aconteceu
Bem antes de Lampião
Ele é o final da história
Morreu vitima de traição
Mas de todos do passado
Ele é mesmo destacado
Maior líder do sertão

Cangaço, religião
E fanatismo existia
Bem antes de Lampião
Como exemplo eu citaria
Padre cícero em juazeiro
E Antônio Conselheiro
No Estado da Bahia.

Negro também se envolvia
Com essa luta tirana
Como fez Lucas da Feira
Pior que sussuarana
Lutando por igualdade
Cometeu atrocidade
Lá em Feira de Santana.

Outra cobra caninana,
Criminoso, desordeiro,
Foi Gato um índio valente
Um terrível cangaceiro
Que se criou na quebrada
No meio da jagunçada
De Antônio Conselheiro.

Podia ser um guerreiro
Da tribo Pankararé
Lugar onde ele nasceu
Mas o pai  com mulher
E o resto da familia
Seguiram por outra trilha
Conduzidos pela fé.

De índio Pankararé
A bandido desordeiro
Santilio Barros, o Gato,
Com o fim de conselheiro
Escapou do estardalhaço
E enveredou no cangaço
Do Nordeste brasileiro.

O mais cruel cangaceiro
Segundo consta em estudos
Filho de Aninha Bola
E Fabiano de Canudos
Com ele duas maninhas
Rosalina e Julinha
Seguiam o irmão em tudo.

Também vi com meu estado
Que Gato fez a união
De Julinha e Revoltoso
Rosalina com Mourão
Sendo este primo de gato
E o cangaceiro Mormaço
Do bando de lampião.

Gato numa confusão
Matou seu primo e cunhado
Mourão, em Brejo do Burgo,
Por este ter provocado
Com o cangaceiro Mormaço
Um terrível estardalhaço
Numa festa de batizado.

Por eles ter provocado
Briga em meio a gente fina
Gato ficou revoltado
Fez uma carnificina
Quando os dois cangaceiros
Se banhavam num barreiro
No Raso da Catarina.

Mourão deixou Rosalina
Grávida do filho Primeiro
Nascendo em Brejo do Burgo
Seu filho Hercílio Ribeiro
Onde mora e tem prazer
De a quem pergunta dizer
Que é filho de cangaceiro.

Gato como desordeiro
Tinha prazer de matar
Quase que matava a mãe
Só por ela reclamar
Que sua casa e seu terreiro
Estavam cheios de cangaceiros
Sem ela poder andar.

Não matou mais quis cortar
Sua língua porque falou
Lhe mostrando dois punhais
Sua mãe ameaçou
Dizendo: «Sua velha louca,
Este aqui é o «cala boca»
E este o bateu cagou!»

Gato ainda matou
Sete primos numa ação
Por conta de alguns bodes
Que sumiram da região
E eles andaram dizendo
Que o sumiço estava sendo
Creditado a lampião.

Matou Braz e Calixtão
Numa casa de farinha
Luiz Major e dois filhos
Lá na Fazenda Cerquinha
Matou inocêncio e Valério
Pois o assunto era Sério,
«Não fale de gente minha!»

Gato casou com Toinha
Uma índia Pankararé
E carregou Inacinha
Prima de sua mulher
Com as duas se agasalhou
Mas Tonha não aceitou
E formou um kerekeké.

Gato surrou a mulher
Quase tirava-lhe a vida
Esta contou a Lampião
E dali saiu fugida
Para um lugar bem distante
Onde viveu doravante
Por muito tempo escondida.

Gato seguiu sua vida
Assaltando e desonrando
Fazia e acontecia
Com Lampião no comando
Mas quem vive de loucura
Certamente quem procura
Um dia acaba encontrando.

.Certa vez eles passando
Um dia de tardezinha
Em Piranhas, Alagoas,
Uma volante se avizinha
Tem inicio um tiroteio
E ali naquele entremeio
Saiu ferida Inacinha

Bala ia e bala vinha
Com Inacinha ferida
A bala entrou na bunda
Na barriga fez saída
Mesmo grávida ela foi forte
E a criança, por sorte,
Também não foi atigida

Gato fugiu em seguida
Se embrenhou na jetirana
Pediu ajuda a Corisco
A bandidagem se irmana
E partem com o projeto
De destruir por completo
A cidade alagoana.

Essa maldade tirana
Entrou pra historia de vez
Vinte e nove de outubro
Do ano de trinta e seis
A data se tornaria
Uma lembrança de agonia
Naquele final de mês.

O Gato por sua vez
Matou tantas inocentes
Foi grande a carnificina
O sangue for
Gato não se contentando
Levava um arrastando
Pra sangrar posteriormente.

Na cidade certamente
Não havia policiais
O delegado Cipriano
Com oito soldados mais
Prevendo o que acontecia
Deixaram a delegacia
E entraram nos matagais.

E como os policiais
Também a população
Se embrenhou nos matagais
Procurando salvação
Ficando em casa escondidos
Alguns homens guarnecidos
Enfrentando a situação.

O pobre sem salvação
Que ia por Gato arrastado
Um jovem de quinze anos
Caiu na praça ajoelhado
Cercado de cangaceiros
E foi pelo desordeiro
Barbaramente sangrado.

Dos que haviam ficado
Pela cidade escondidos
Abriram fogo cerrado
No bando desprotegido
Que correu pra todo lado
E entre tantos baleados
O Gato saiu ferido,

Os que estavam escondidos
Se omitiram certamente
Ninguém assumiu o tiro
Que acertou o valente
Mas dos que ali fez bonito
Estava Dona Cira Brito
A esposa do tenente.

João Carão e um contingente
No cemitério entocados
Chiquinho e João Marcelino
Estavam em um dos sobrados
Carão com um rifle Cruzeta
Chiquinho com uma bereta
E muitos tiros deflagrados.

Gato fugiu baleado
No meio do estardalhaço
Morreu três dias depois
Com infecção no espinhaço
Foram-se dedos e anéis
De um do homens mais cruéis
Da história do cangaço.
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 12/07/2015
Alterado em 14/07/2015


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