O MASSACRE DE ELDORADO DOS CARAJÁS
Não faz sentido viver
Em uma democracia Se a retórica governista Não trabalha em sintonia Com a população sofrida Pois a verdade escondida É pura demagogia. Não pode haver harmonia Sem identificação Entre a nobreza e a plebe Fartura e inanição Mendicância e mordomia Coragem e covardia O pau-a-pique e a mansão. Onde há essa distorção Já não se ignora mais Um massacre como esse De Eldorado Carajás Uma chacina à luz do dia Que ainda se repudia Nas revistas e jornais. Nas esferas sindicais É comum se protestar Contra esse ou aquele ato Com a intenção de mudar Essa ou aquela medida Que lhes deixam sem saída Quando querem melhorar. A história que eu vou contar Com a minha poesia Envolve destruição Fanatismo, covardia Na terra dos Carajás Envolvendo policiais E sem terra em minoria. Dezesseis de abril o dia Noventa e seis é o ano Tem início a trajetória Desse ato desumano Sem-terra faz caminhada Para pra fazer pousada Na curva do desengano. Era um local bem plano Estrada sem sobe e desce Na PA 150 Famosa curva do «S» De Eldorado pra lá Já perto de Marabá Onde o massacre acontece. Dia dezessete aparece Polícia na travessia Os sem-terra se revoltam Bloqueiam a rodovia Logo começa a chegar Ônibus e estacionar Pra começar a porfia. Parauapebas envia Setenta homens pra lá Com o Major Oliveira E ficam a esperar Coronel Pantoja e mais Noventa poiliciais Que chegam de Marabá. Bem antes de começar Os tiros pelos soldados Sem-terra faz uma barreira Muitos sacos empilhados Soldados vão se espalhando Por todo lado deixando Os sem-terra encurralados. Como haviam combinado O coronel ia dar Sinal com o primeiro tiro Na hora de começar Os tiros e a bagaceira Logo o Major Oliveira Também, começa a atirar. Dia dezessete aparece Polícia na travessia Os sem-terra se revoltam Bloqueiam a rodovia Logo começa a chegar Ônibus e estacionar Pra começar a porfia. Parauapebas envia Setenta homens pra lá Com o Major Oliveira E ficam a esperar Coronel Pantoja e mais Noventa poiliciais Que chegam de Marabá. Bem antes de começar Os tiros pelos soldados Sem-terra faz uma barreira Muitos sacos empilhados Soldados vão se espalhando Por todo lado deixando Os sem-terra encurralados. Como haviam combinado O coronel ia dar Sinal com o primeiro tiro Na hora de começar Os tiros e a bagaceira Logo o Major Oliveira Também, começa a atirar. Dentre os que estavam deitados No desconforto ou ferido Uma mulher com criança Abraçava o seu marido Que com o fogo cerrado Pela polícia cercado Também havia morrido. Dos que haviam falecido Contaram-se dezenove Segundo a própria polícia Que no fim é quem resolve Tomando suas decisões Sem aceitar opiniões E a muita gente comove. Os corpos de dezenove Mortos são depositados Na cidade Curionópolis Num necrotério apertado Também oitenta feridos Que haviam sido conduzidos Para outras partes do Estado. Isso foi o informado Na área da autoridade Mas testemunhas disseram Que isso não foi verdade Disseram que na matança Até mulher e criança Morreram na atrocidade. A grande brutalidade Que a polícia gerou Ninguém sabe, na verdade, Como tudo começou Esse conflito era antigo E a narração eu prossigo Da forma que se passou. Sem-terra sempre lutou Sempre foi muito exigente Pedindo terra e proventos Às vezes impaciente E nesse seu proceder Muitas vezes chega a ser Bastante inconveniente. E sempre há muita gente Do tipo aproveitadora Que não compreende nada Do que seja uma lavoura Por motivo interesseiro Se infiltra entre os roceiros Tornando-se agitadora. Na jornada percussora Sem-terra às vezes invade Terra muito produtiva De alguma propriedade Usando de prepotência Fazendo inconveniência Onde há privacidade. Devido a morosidade Com que o INCRA conduz As desapropriações De terra que não produz Com toda essa demora Sem-terra se desarvora E à violência faz jus. Grande grupo se conduz Pela estrada a caminhar Região de Parauapebas Bem no leste do Pará Pra Fazenda Rio Branco Com o objetivo franco De na fazenda acampar. Também querem ocupar A Fazenda Macaxeira Vizinha da Rio Branco Naquela mesma ribeira E além da ocupação Tinham a má intenção De promover mais besteira. O Incra à sua maneira Depois de um ano comprou A Fazenda Rio Branco E em lotes transformou Doando a fazenda inteira Mas comprar a Macaxeira Logo desconsiderou. Devido a morosidade Com que o INCRA conduz As desapropriações De terra que não produz Com toda essa demora Sem-terra se desarvora E à violência faz jus. Grande grupo se conduz Pela estrada a caminhar
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 12/07/2015
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