José Medeiros de Lacerda

Leia poesia - A poesia é o remédio da alma

Textos

O NORDESTE BRASILEIRO
Nordeste sempre sofrido
Esquecido, desprezado
Que devido a grandes secas
Se encontra abandonado
As roças nada produzem
Os rebanhos se reduzem
Não tem porco no chiqueiro
É grande a calamidade
Que atine a humanidade
Do Nordeste Brasileiro.

Falta alimentação
Para o povo e para o gado
Falta água pra beber
Nada produz o roçado
Falta auxílio da Nação
Falta água, falta pão,
Lavoura no tabuleiro
Sem exceção de ninguém
Tudo falta, nada vem
Pra o Nordeste Brasileiro.

Falta socorro pra o povo
Por parte dos potentados
Desde o poder federal
A Municípios e Estados
Faltam serviços de estradas
As obras todas paradas
Dizem que falta dinheiro.
Capoeiras nos roçados
Não há poços perfurados
No Nordeste Brasileiro.

Já houveram suicídios
Como fomos informados
Por força do desespero
De alguns dos desgraçados
Tudo surge na tristeza
Silenciam suas altezas
Em relação ao roceiro
E a seca se mantém
Dos poderes nada vem
Pra o Nordeste Brasileiro.

Choram crianças com sede
Choram pais amargurados
Assistindo o desespero
Dos seus filhinhos amados
Família na precisão
E o dinheiro da Nação
Só serve para banqueiro
Não existe providência
Continua a decadência
Do Nordeste Brasileiro.

Os dias formando meses
De trinta em trinta contados
Começa o ano em janeiro
Em dezembro está findado
Do princípio ao fim do ano
O sofrimento é insano
E o mundo politiqueiro
Atravessa de avião
Sem ver a situação
Do Nordeste Brasileiro.

Levam os tais de projetos
No Congresso e no Senado
Em favor do nordestino
Porém ficam engavetados
Nada de realidade
Resta a calamidade
No meio do povo ordeiro
Que a esperança perdeu
E fala: «Deus esqueceu
Do Nordeste Brasileiro.

E se os poderes produzem
Nos tornando amparados
Com recursos para as obras
Em todos nossos Estados
Ou o dinheiro não deu
Ou a verba se perdeu
Ou desviaram o dinheiro
Nada operam, nada vem,
E o sofrer se mantém
No Nordeste Brasileiro.

O povo sem ter saída
Deixa o sertão desprezado
Vai tentar sobrevivência
Em busca de outro Estado
Pobre gente nordestina,
Quanto é grande a sua sina
Vagando sem paradeiro
Seriamente amargurado
Vendo tudo liquidado
No Nordeste Brasileiro.

Nosso Nordeste esquecido
Por conta de diretriz
Ver sua matéria prima
Seguir pra o Sul do país
A preço bem rebaixado
De lá sai valorizado
Pra servir ao estrangeiro
Que se esbalda indiferente
Ao sofrer do penitente
No Nordeste Brasileiro.

O que fabricam no Sul
Pra o Nordeste é importado
A matéria-prima é nossa
No Sul tudo é fabricado
Sempre o Nordeste atual
De caipirismo fatal
E escasso de dinheiro
No Sul dinheiro sobrando
E eles discriminando
O Nordeste Brasileiro.

Revistas com reportagens
Governantes estampados
Os banquetes e discursos
Nas capitais dos Estados
E o nordestino a sofrer
Sem ter o que devia ter
Por acinte desordeiro
Se há dinheiro saneado
Fica para os potentados
Do Nordeste Brasileiro.

Prefeitos recebem verbas
Que a eles são confiados
Quando o prefeito é honesto
Os milhões são aplicados
Quando é um indecente
Fica pra ele somente
E um ou outro companheiro
E cada dia que passa
Mais se avoluma a desgraça
No Nordeste Brasileiro.

O comércio a sofrer
Praticamente parado
Dado a falta de recurso
Pra esse povo arrasado
O comércio de açudagem
Faz uma ou outra barragem
Só pra grande fazendeiro
Por falta de construções
Falta água às regiões
Do Nordeste Brasileiro.

As estradas de rodagem
Muito poucas nos Estados
São feitas de puro barro
Pouco cascalho aplicado
Com o Sol a pedra se espalha
E basta dar uma enxurrada
Se transforma em atoleiro
No final é sempre assim
Tudo é mal feito e ruim
No Nordeste Brasileiro.

Sobre os ensinamentos
Por todos nossos Estados
É caso triste, bem triste,
Nem é bom ser relatado
Já não existe instrução
A falta de educação
Atinge o Brasil inteiro
Tudo é no rola ou enrola
E é só «funk» nas escolas
Do Nordeste Brasileiro.

Quando surgem as enchentes
Em tempos determinados
Fica o pobre nordestino
Completamente arrasado
Se amparo vem, não lhe vem,
Perde-se tudo que tem
Por causa do lamaceiro
Até parece maldade
Com tanta calamidade
No Nordeste Brasileiro.

Nossas estradas de ferro
Já é fato consumado
Só nos resta agora algumas
De muitos anos passados
Nada mais realizaram
Onde parou já ficaram
Desperdício de dinheiro
Como outras obras paradas
Com verbas desperdiçadas
No Nordeste Brasileiro.

Assim continua a luta
De labor desesperado
Sofre o agricultor
Sofre o criador de gado
Sofre o comerciante
Tendo ajuda a todo instante
Do mundo politiqueiro
Que está sempre alienando
Com falcatruas comprando
O Nordeste Brasileiro.

Pobre Nordeste da gente
Quase sempre desprezado
Nordestino é sem valor
Nordeste é discriminado
Com as secas permanentes
E a carestia insistente
Tá virando um pardieiro
O custo de vida altera
Aumentando a miséria
No Nordeste Brasileiro.

Feijão de cinco reais
Aqui no nosso mercado
E por dezesseis reais
A carne fresca de gado
De bode é um Deus nos acuda
Se não tiver quem ajuda
Pobre vai pro estaleiro
Que a família mal nutrida
Vive fraca, não tem vida
No Nordeste Brasileiro.

Quanto ao preço dos tecidos
Como também dos calçados
Inclusive o de remédios
Deixemos isto de lado
Pois em tudo esta Nação
Passa grande privação
Pra servir ao estrangeiro
No Brasil tudo se apronta
Mas quem sempre paga a conta
É o Nordeste Brasileiro.

Nós vivemos mal vestidos
Também muito mal calçados
Temos uma vida curta
Somos mal alimentados
Vive mais o povo nobre
Morre cedo o povo pobre
É sofrer o ano inteiro
Se houvesse irrigação
Mudaria a situação
Do Nordeste Brasileiro.

Quando chega o Natal
Pobre se sente abalado
Por não poder dar presentes
Aos filhinhos adorados
O filho insiste implorando
O pai lhe nega chorando
É grande o seu desespero
Pra pobreza é um engano
As festas de fim de ano
No Nordeste Brasileiro.

às vezes fico pensando
Não sei se estou errado
Se o Nordeste é Brasil
Ou se estou enganado
Do modo que sempre vemos
Tudo no Sul, nada temos
Só político trambiqueiro
O Sul vive no progresso
E só sobra retrocesso
Pra o Nordeste Brasileiro.

Temos no Nordeste os rios
Que banham nossos Estados
Também os seus afluentes
Que seriam aproveitados
Não surge realização
Do poderes da Nação
Pra irrigar os tabuleiros
E a rotina é sempre essa
De pura e simples promessa
No Nordeste Brasileiro.

Prometem os candidatos
Para a Câmara e o Senado
Prometem os governantes
Por todos nossos Estados
Mas só nos chega o tormento
Só aumenta o sofrimento
Por causa de interesseiro
Que não cumprem com ninguém
Nada fazem, nada vem
Pra o Nordeste Brasileiro.

As promessas sempre surgem
Mas não surgem resultados
Elas vem nas eleições
Feitas ao eleitorado
Nada cumprem com ninguém
Nada fazem, nada vem
É só fogo eleitoreiro
E seguem anos corridos
Com o eleitor iludido
No Nordeste Brasileiro.

Não façam isso, senhores,
Com os vossos governados
Amparem as nossas causas
Também de nossos Estados
Nos tratando por igual
Em âmbito nacional
Juro, serei o primeiro
A gritar com voz altiva
Viva a política altiva
Do Nordeste Brasileiro!
Limoeiro de Anadía-AL, 09/04/2014
José Lacerda



Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 01/07/2014
Alterado em 29/07/2014
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