Trecho do Cordel:
Esse fato aconteceu
No Estado Paraibano
Envolvendo um magistrado
Um poeta soberano
E um grupo seresteiro
Em um fato corriqueiro
E um motivo leviano.

Não lembro qual foi o ano
Também não precisa data
Pra registrar essa história
Bonita, lírica, exata.
O processo se inicia
Quando um grupinho fazia
Um linda serenata.

De maneira insensata
A polícia apareceu
Espalhafatosamente
A seresta suspendeu
E aumentando a confusão
Apreendeu o violão
E aos seresteiros prendeu.

Quando o dia amanheceu
Aparece o delegado
Depois de alguns falatórios
O grupo foi libertado
Porém em contrapartida
A seresta é proibida
E o violão confiscado.

Nesse tempo em nosso Estado
Havia um homem de estima
Um famoso advogado
Bom dominador da rima
Senador considerado
Governador, deputado,
Ronaldo da Cunha Lima.

Seresteiro desanima
Com a perda do violão
Mas procura o advogado
Em busca de solução
Amante do romantismo
Ronaldo com ufanismo
De pronto aceita a questão.

E faz uma petição
Escrita bem do seu jeito
Reclamando o instrumento
Mostrando-se insatisfeito.
Essa petição faria
Toda ela em poesia,
E o verso ficou perfeito:
José Lacerda