José Medeiros de Lacerda

Leia poesia - A poesia é o remédio da alma

Textos

UM PEIDO NA MARESIA
Trecho do Cordel:
Aceitaram sem demora
A proposta de bom gosto
Já ficaram combinados
Sair dali ao Sol posto
E pararem em toda praça
Pra tomarem uma cachaça
E comerem um tira-gosto.

Em São Mamede, no posto
Do Ramal não tinha nada
Santa Luzia foi dupla
Tira-gosto foi buchada
Junco só tinha cebola
Juazeirinho foi rola
Com cachaça temperada.

A noite estava estrelada
A pista estava novinha
O papo estava animado
Vez por outra uma piadinha
A fome foi apertando
Em Soledade chegando
Jantaram arroz com galinha.

São José da Mata tinha
Tira-gosto de preá
Pularam Campina Grande
Merendaram no Cajá
Com o jeep abastecido
Quando o Sol tinha nascido
Foram avistando o mar.

As quengas a escutar
Da cidade o zum zum zum
O pessoense chegando
Para o seu lugar comum
Uma delas, distraida
Seguindo o rumo da vida
Deixou escapar um pum.

Fedia como nenhum
Peido ou aborto fedia
Chico olhando pra Gandão
Perguntou se ele sentia
Gandão pra salvar a quenga
E evitar a pendenga
Disse: - É a maresia.

«Gandão, tu num avalia
O que isso pode ser?
Não venha com fingimento
Essa quenga defender
Porque o peido eu ouvi
E além disso nunca vi
As ondas do mar feder!

Da maré não pode ser
Não adianta negar
Em Patos tem esse cheiro
E no sertão não tem mar,
Isso é merda bem fedida
Que essa quenga atrevida
Veio no meu carro deixar!


Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 12/02/2012
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