José Medeiros de Lacerda

Leia poesia - A poesia é o remédio da alma

Textos

O SÍTIO DO BANGALÔ DE SEVERINO DE LÊNDIA
Trecho do Cordel:
Os pés de sapato lá
Tem a maior novidade
Os pés de meias de luxo
É carregado à vontade
Lá não dá meia barata,
E ainda tem pé de gravata
De primeira qualidade.

Pés de jóia é raridade
São as mais lindas do mundo
Relógio, anel de brilhante,
É primeiro sem segundo
Um verdadeiro tesouro
E os pés de cordão de ouro
Lá o carrego é profundo.

Aves do tamanho do mundo
Mais parece um murundu
Vi um gavião voando
Fazendo um turututu
Mais veloz do que o vento
Em cada pé um jumento
E no bico um boi zebu.

Lá só tem um pé de umbu
Mas ninguém pode chupar
Uma fruta do umbuzeiro
Pois o suco que ela dá
Interrompe qualquer beco,
Se cair num açude seco
Faz o açude sangrar.

Um pé de milho por lá
Espigas dá mais de cem
Dá pamonha cozinhada
Cangica e doce também
Cuscuz, polenta salgada
Dá pipoca amantegada
Mungunzá, pão e xerém.

Um coqueiro que lá tem
Botou o primeiro cacho
Um urubu bateu nele
E botou um coco abaixo
Quebrou-se quando caiu
A quenga tapou um rio
A água encheu um riacho.

Tem um pé de mamão macho
Que safreja a vida inteira
A horta lá do meu sítio
Abastece qualquer feira
Pois na horta tudo dá,
Trinta quiabos de lá
Enche uma carreta inteira.

No meu sítio uma bananeira
Tem a possibilidade
De botar mais de cem cachos
Dá de toda qualidade
Tudo banana gigante,
Uma só, um elefante
Não come nem a metade.

Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 11/02/2012
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