José Medeiros de Lacerda

Leia poesia - A poesia é o remédio da alma

Textos

O SEGREDO DO CAVALO VENTANIA
Trecho do Cordel:
Meu cavalo, Ventania,
Tinha uma estrela na testa
Pode cortá-lo na espora
Que ele não se manifesta
Mas tem um grande segredo:
Só basta eu passar um dedo
Na estrela, ele desimbesta!

Porisso que em toda festa
De gado ou apartação
Quarqué que fosse a disputa,
Nós dois era campeão
Isso muitas vez causava
Orgúio em quem nós gostava
Noutros, inveja e ambição.

Eu tinha grande paixão
Pela menina Lindinha
Purisso, participá
Da disputa me convinha.
Se eu pegasse o boi Croá
Nós dois ia se casá
E ela seria minha.

Saimo de manhãzinha
Pra pega do barbatão,
Boca Negra num tardio
Cachimbo num alazão
Pelado num bagaceiro
Mãoquitola num foveiro
Zé Braúna num cardão.

Lipordo num garanhão
Costumado a campeá
Furreca num russo pombo
Com focinho de gambá
Os cabra mais afamado
Já tava tudo amuntado
Correndo daqui pra lá.

Entrando no gravatá
A vaqueirama se impôs
Rezei pru mim, pru Lindinha
Pru meu cavalo e dispois
Disparemo a galopá
Pedindo a Deus pra levá
Pelos caminho a nós dois.

Dispois da roça de arroz
Foi cada um pro seu lado
Eu segui por uma trilha
Que ladeava o roçado
Agucei bem o ouvido
Pruque ouví o mugido
Do boiote amucambado.

Ispirrei como um danado
Entre os ispinho, patrão,
O sangue já iscurria
Da minha cara e das mão
Como também iscurria
Do peito do Ventania,
Mas nós num ligava não.

Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 11/02/2012
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