O DIA QUE O MUNDO ACABOU NAS TERRAS DO MARANHÃO
Trecho do Cordel:
Porém veja como é Que se dá com gente ruim As lanchas de seu Mané Juntas com as de seu Crispim Umas indo outras voltando Viviam negociando Nas águas do Mearim. O tempo todo era assim Tudo tinha pra vender O povo já esperava Todo mês pra abastecer O comércio da cidade Que aguardava as novidades Que as lanchas íam trazer. E dessa vez ia ter Umas matérias mais finas: Óleo díesel, querosene Dissolvente, gasolina, Carbureto, aguarrás Dedetê, bujão de gás E tinha até vaselina. Vinho tinto, parafina Que o vigário encomendou Desodorante, perfume Espuma pra estofador E pólvora Chão Brasileiro Que seu Pedro Fogueteiro Antecipado comprou. Quando uma lancha apontou Na curva da serraria A de traz não se atentou E bateu na lancha guia E essa, mais carregada, Não aguentou a pancada Furou toda lataria. A noite virou um dia Houve uma grande explosão As lanchas pegaram fogo No céu voava bujão Que pelo ar explodia E o combustível caía Foi grande a devastação. Muito longe ia o clarão Num lampejo furibundo O fogaréu se alastrava No rio que era bem fundo Estremecia a cidade E quem viu disse, «É verdade, Está se acabando o mundo!» Não demorou dez segundos Pra se abraçar intrigados Para os grandes pecadores Confessarem seus pecados Todos pedindo perdão Declaração de traição Mulher e homem casado.
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 11/02/2012
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