José Medeiros de Lacerda

Leia poesia - A poesia é o remédio da alma

Textos

O PRESIDENTE LULA E O SACO DO FOME ZERO
Trecho do Cordel:
Lula então se abaixou
Perguntou-lhe bem baixinho:
«Onde é que você mora?»
Respondeu o garotinho:
«Eu moro num barracão
Com uma irmã, um irmão,
A minha mãe e painho.»

Mas perto do garotinho
O presidente encostou
E no «saco» do menino
Com carinho segurou
O moleque se encolheu
E Lula se surpreendeu
Na hora que perguntou:

«Isso é o que, meu amor?»
Perguntou-lhe de repente,
O garoto respondeu:
«É testículo, presidente!»
E recuou acanhado
Deixando Lula assustado
Com a resposta inteligente.

Achou tão surpreendente
O pirralhinho buchudo
Responder daquele jeito
Sem nunca ter tido estudo
Mas acertou responder
Lula então quis entender
Do menino o conteúdo.

O motivo disso tudo
Era de admirar
Em seguida o presidente
Começou a indagar
No meio da indigência
Sobre aquela inteligência
Tão rara de se encontrar.

O pessoal do lugar
Apontou um cidadão
Que era o pai da criança
Lula com satisfação
Quis saber da sapiência,
Sobre aquela inteligência
Do menino, a inteligência
Perdida ali no sertão.

Com tamanha exatidão
O papai do inocente
Tímido e encabulado
Mas surpreendentemente
Fez questão de responder:
«Se o senhor quer saber
Vou lhe falar, Presidente:

A fome da nossa gente
É tão feia de se ver
A necessidade é tanta
Que se a gente esquecer
E dizer que aquilo é ovo,
A meninada do povo
Quer cozinhar e comer!»

Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 11/02/2012
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