O PRESIDENTE LULA E O SACO DO FOME ZERO
Trecho do Cordel:
Lula então se abaixou Perguntou-lhe bem baixinho: «Onde é que você mora?» Respondeu o garotinho: «Eu moro num barracão Com uma irmã, um irmão, A minha mãe e painho.» Mas perto do garotinho O presidente encostou E no «saco» do menino Com carinho segurou O moleque se encolheu E Lula se surpreendeu Na hora que perguntou: «Isso é o que, meu amor?» Perguntou-lhe de repente, O garoto respondeu: «É testículo, presidente!» E recuou acanhado Deixando Lula assustado Com a resposta inteligente. Achou tão surpreendente O pirralhinho buchudo Responder daquele jeito Sem nunca ter tido estudo Mas acertou responder Lula então quis entender Do menino o conteúdo. O motivo disso tudo Era de admirar Em seguida o presidente Começou a indagar No meio da indigência Sobre aquela inteligência Tão rara de se encontrar. O pessoal do lugar Apontou um cidadão Que era o pai da criança Lula com satisfação Quis saber da sapiência, Sobre aquela inteligência Do menino, a inteligência Perdida ali no sertão. Com tamanha exatidão O papai do inocente Tímido e encabulado Mas surpreendentemente Fez questão de responder: «Se o senhor quer saber Vou lhe falar, Presidente: A fome da nossa gente É tão feia de se ver A necessidade é tanta Que se a gente esquecer E dizer que aquilo é ovo, A meninada do povo Quer cozinhar e comer!»
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 11/02/2012
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