Trecho do Cordel
Nossa gente avermelhada,
Os índios, que são nativos,
Já enrolaram a bandeira
Dos costumes primitivos,
Abandonaram a mata
E foram plantar batata
A fim de ficarem vivos.

Pois o predador ativo
Mata até seu semelhante
Quem tem a alma insensata
Não teme viver errante
Nosso Deus não quer assim,
Porém o homem ruim
Acha ser isso importante.

O homem faz os displantes
Só pensando em melhorar
Os caminhos da ciência
Que ele vive a cultivar,
E o progresso que constrói
É o mesmo que destrói,
Não tem de que se queixar.

Está sempre a aprimorar
Mais possante o avião
Cria fama como herói
Por sua grande invenção,
Mas o bicho vira um facho
Se larga de mundo abaixo
Se lasca tudo no chão.

Vem pra baixo o avião
Quando para o movimento
Pois no espaço não pode
Ficar seguro no vento
Mas um carro sobre a pista
Morre até o motorista
Num desastre violento.

Esse é o meu pensamento
Só para exemplificar
Pois tanto morre na pista
Como na água ou no ar
Ninguém tem vida segura
E a morte prematura
Também gosta de matar.

Por em desastre falar
Lembro da poluição
Exemplo: a fumaça escura
Que nem borra de carvão
A água suja e o lixo
Tudo isto, por capricho
Envenena a multidão.

É por esta confusão
Que nos causa tanta ofensa
Que eu estou ficando louca,
E esta minha doença
É só preocupação.
Olhando a corrupção
A minha dor é imensa.