José Medeiros de Lacerda

Leia poesia - A poesia é o remédio da alma

Textos

OLHOS DE LUAR - AMOR E ÓDIO NO CANAVIAL
Trecho do Cordel:
Aquela formosa prenda
Era a filha do patrão
Que por capricho da sorte
Também olhou pra Tião
E ao cruzar com seu olhar
Sentiu o amor entrar
Dentro do seu coração.

Nosso mancebo em questão
Perdeu o riso e a paz
Não brincava com os colegas
Não se animou nunca mais
Às vezes se perguntava
Por que a vida traçava
Destinos tão desiguais.

Naqueles canaviais
Só restou melancolia
Os colegas questionavam
O que tanto acontecia
Tião estava doente
Pois era tão sorridente
E acabou-se a alegria.

E Dora também sofria
Trancada em sua solidão
Os seus olhos de luar
Perderam a imensidão
E ficaram nebulosos
Entristecidos, chorosos
Com saudade de Tião.

Quando havia ocasião
Ela fugia de casa
Entrava no canavial
Com uma esperança rasa
Lhe atormentando a razão:
Era encontrar Tião
Com o coração em brasa.

O destino sempre arrasa
Quando quer fazer porfia
E colocou frente a frente
Os dois numa travessia
Ele em declaração
A ela pediu perdão
Por amar quem não devia.

Ela pra ele sorria
Não vendo ali nenhum mal
Os dois então se abraçaram
Num grande beijo afinal
Que o sol até se escondeu
E o amor aconteceu
No meio do canavial.

Mas o destino banal
Que tudo isso aprontou
Fez sua maledicência
E a menina engravidou
Deixando o pai desgostoso
E ainda mais furioso
Ao descobrir o autor.
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 11/02/2012
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