OLHOS DE LUAR - AMOR E ÓDIO NO CANAVIAL
Trecho do Cordel:
Aquela formosa prenda Era a filha do patrão Que por capricho da sorte Também olhou pra Tião E ao cruzar com seu olhar Sentiu o amor entrar Dentro do seu coração. Nosso mancebo em questão Perdeu o riso e a paz Não brincava com os colegas Não se animou nunca mais Às vezes se perguntava Por que a vida traçava Destinos tão desiguais. Naqueles canaviais Só restou melancolia Os colegas questionavam O que tanto acontecia Tião estava doente Pois era tão sorridente E acabou-se a alegria. E Dora também sofria Trancada em sua solidão Os seus olhos de luar Perderam a imensidão E ficaram nebulosos Entristecidos, chorosos Com saudade de Tião. Quando havia ocasião Ela fugia de casa Entrava no canavial Com uma esperança rasa Lhe atormentando a razão: Era encontrar Tião Com o coração em brasa. O destino sempre arrasa Quando quer fazer porfia E colocou frente a frente Os dois numa travessia Ele em declaração A ela pediu perdão Por amar quem não devia. Ela pra ele sorria Não vendo ali nenhum mal Os dois então se abraçaram Num grande beijo afinal Que o sol até se escondeu E o amor aconteceu No meio do canavial. Mas o destino banal Que tudo isso aprontou Fez sua maledicência E a menina engravidou Deixando o pai desgostoso E ainda mais furioso Ao descobrir o autor.
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 11/02/2012
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