José Medeiros de Lacerda

Leia poesia - A poesia é o remédio da alma

Textos

TERRA CAIDA
Trecho do Cordel:
Por toda aquelas parage
Zé Pacu era quirido
Caboco de muita fibra
Por todos bem cunhicido
Tomém muié e a fía
E completando a famía
Eu que ia ser marido.

Eu remava decidido
Duas hora naveguei
Na outra marge do rio
Entonce feliz cheguei
Saltei no meio da rama
Num tronco de canarana
A igarité amarrei.

O terreiro eu avistei
Com a fogueira na frente
No rio muita canoa
Atupetada de gente
O rio manso, lotado,
Todo inrugado, increspado,
Se ria inté, de contente.

Um risadeiro fremente
Se iscuitava no terreiro
Havia um prefume forte
Das fulô dum jasmineiro
Da barraca iluminada
E quage toda afogada
Numa moita de abieiro.

Escondido no terreiro
Antes de me apresentá
O som da frauta tocando
Rapaz e moça a dançá
De repente um siringueiro
Bateu parma no terreiro
E fez pra tudo um siná.

Vi o tocadô pará
De tocá sua quadría
De repente im toda casa
Nenhum ruido se uvia
No meio do sururú
O nome de Marilu
De boca im boca corria.

Vi que ela aparicia
Cheia de felicidade
Eu pensei, como é bonita
A morte duma sodade!
Vendo a caboca trigueira
Naquele jeito faceira
Quage chorei de verdade.

Vi com que facilidade
Ela vêi se apresentá
A viola gemeu de novo
E ela se pôs a brincá
Primeiro um sacudidinho
Tremendo no miudinho
Sem se arredá do lugá.
Série Cantadores - Vol. XXIX
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 11/02/2012
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