DOCIVAL ALVES - O POETA ASSASSINADO
Trecho do Cordel:
No repente e na canção Muito cedo começara O Estado da Paraiba Na viola conquistara Cupido fazendo renda Fez-lhe encontrar sua prenda Na cidade de Arara. Com ela então se casara E formara um novo lar Foram viver em São Paulo Destinou-se a trabalhar Com sua esposa querida Num depósito de bebida Que ele montou por lá. No trabalho e no cantar Todo dia ia e vinha Morando na Vila Zatt Era a rotina que tinha Com Cássia, sua querida E as filhas de sua vida, A Letícia e a Julhinha. Mas quando o mal se avizinha É difícil se livrar, A morte é um inimigo Que não sabe perdoar, Se apontar pro seu lado O seu momento é chegado, Só Deus pode lhe salvar. Pode ela se transformar No relance de um instante Em doença ou em tragédia Em polícia ou meliante, Ou qualquer modalidade E atacar sem piedade, De mansinho ou saltitante. Transformada em assaltante, Em um covarde ladrão, Sua sanha marginal Calou mais um campeão Com três disparos certeiros, Na cabeça os dois primeiros E o outro no coração. Com surpresa e comoção Foi a vítima socorrida No hospital de Pirituba Chegou ainda com vida Mas com morte cerebral Nosso vate Docival Findou perdendo a partida. Ficou a esposa querida Sozinha, desamparada, As suas crianças órfãs, Sua viola calada A canção sem sinfonia Parceiro sem parceria, Sua obra inacabada. Série Cantadores - Vol. XXVI
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 11/02/2012
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