José Medeiros de Lacerda

Leia poesia - A poesia é o remédio da alma

Textos

DOCIVAL ALVES - O POETA ASSASSINADO
Trecho do Cordel:
No repente e na canção
Muito cedo começara
O Estado da Paraiba
Na viola conquistara
Cupido fazendo renda
Fez-lhe encontrar sua prenda
Na cidade de Arara.

Com ela então se casara
E formara um novo lar
Foram viver em São Paulo
Destinou-se a trabalhar
Com sua esposa querida
Num depósito de bebida
Que ele montou por lá.

No trabalho e no cantar
Todo dia ia e vinha
Morando na Vila Zatt
Era a rotina que tinha
Com Cássia, sua querida
E as filhas de sua vida,
A Letícia e a Julhinha.

Mas quando o mal se avizinha
É difícil se livrar,
A morte é um inimigo
Que não sabe perdoar,
Se apontar pro seu lado
O seu momento é chegado,
Só Deus pode lhe salvar.

Pode ela se transformar
No relance de um instante
Em doença ou em tragédia
Em polícia ou meliante,
Ou qualquer modalidade
E atacar sem piedade,
De mansinho ou saltitante.

Transformada em assaltante,
Em um covarde ladrão,
Sua sanha marginal
Calou mais um campeão
Com três disparos certeiros,
Na cabeça os dois primeiros
E o outro no coração.

Com surpresa e comoção
Foi a vítima socorrida
No hospital de Pirituba
Chegou ainda com vida
Mas com morte cerebral
Nosso vate Docival
Findou perdendo a partida.

Ficou a esposa querida
Sozinha, desamparada,
As suas crianças órfãs,
Sua viola calada
A canção sem sinfonia
Parceiro sem parceria,
Sua obra inacabada.
Série Cantadores - Vol. XXVI
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 11/02/2012
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras