José Medeiros de Lacerda

Leia poesia - A poesia é o remédio da alma

Textos

O MITO LAMPIÃO
Trecho do Cordel:
Lampião atraiçoou,
Incendiou povoados,
Matou, aterrorizou,
Baleou, foi baleado,
Recuou, correu, fugiu,
Muitas vezes sucumbiu
Ante o contingente armado.

Mas também foi muito amado
Por ajudar tanta gente
Matou a fome de pobre
Se portava humildemente
A uns ele enriqueceu
E a outros empobreceu
Muito miseravelmente.

Como um leão foi valente
Um astuto guerrilheiro
Em outras por estratégia
Covarde como um sendeiro
Foi poeta, foi artista,
Enfermeiro, estrategista
E habilíssimo vaqueiro.

No físico era um guerreiro
Na vontade era um aço
Dócil na intimidade
Nunca temía fracasso
Por esses seus predicados
É que foi considerado
O maior nome do cangaço.

Registrava seus fracassos
Através da poesia
Pois o verso sertanejo
Ele tinha maestria
Vivia um mundo pregresso
Fazia tudo em excesso
Mas amar ele sabia.

Entre tudo que escrevia
Não restou nem a metade
Essa poesia seguinte
Ele escreveu de verdade
Onde demonstra afinal
Que de sua vida normal
Ele sentia saudade:.

«Por minha infelicidade
Entrei nesta triste vida
Não gosto nem de contar
A minha história sentida
A desgraça enche o meu rosto
Em minha alma entra o desgosto
Meu peito é uma ferida.

Quando me lembro, senhores,
Do meu tempo de inocente
Que brincava nos cerrados
Do meu sertão sorridente
Sinto que meu coração
Magoado desta paixão
Bate e chora amargamente.
Série Cangaceiros - Vol. XXXIX
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 11/02/2012
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