O MITO LAMPIÃO
Trecho do Cordel:
Lampião atraiçoou, Incendiou povoados, Matou, aterrorizou, Baleou, foi baleado, Recuou, correu, fugiu, Muitas vezes sucumbiu Ante o contingente armado. Mas também foi muito amado Por ajudar tanta gente Matou a fome de pobre Se portava humildemente A uns ele enriqueceu E a outros empobreceu Muito miseravelmente. Como um leão foi valente Um astuto guerrilheiro Em outras por estratégia Covarde como um sendeiro Foi poeta, foi artista, Enfermeiro, estrategista E habilíssimo vaqueiro. No físico era um guerreiro Na vontade era um aço Dócil na intimidade Nunca temía fracasso Por esses seus predicados É que foi considerado O maior nome do cangaço. Registrava seus fracassos Através da poesia Pois o verso sertanejo Ele tinha maestria Vivia um mundo pregresso Fazia tudo em excesso Mas amar ele sabia. Entre tudo que escrevia Não restou nem a metade Essa poesia seguinte Ele escreveu de verdade Onde demonstra afinal Que de sua vida normal Ele sentia saudade:. «Por minha infelicidade Entrei nesta triste vida Não gosto nem de contar A minha história sentida A desgraça enche o meu rosto Em minha alma entra o desgosto Meu peito é uma ferida. Quando me lembro, senhores, Do meu tempo de inocente Que brincava nos cerrados Do meu sertão sorridente Sinto que meu coração Magoado desta paixão Bate e chora amargamente. Série Cangaceiros - Vol. XXXIX
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 11/02/2012
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