José Medeiros de Lacerda

Leia poesia - A poesia é o remédio da alma

Textos

VILELA - O CANGACEIRO INVENCÍVEL
Trecho do Cordel:
Aí foi solto o rapaz
E a toda pressa voltou
Correndo de serra abaixo
Sem medo de tombador
Pior que a gota serena
Parece que criou pena,
Bateu asas e voou.

O Alferes se aproxinou
Com a cambada de soldado
Vilela, experiente,
Na sua rede deitado,
Levanta pé ante pé
Acorda e diz a mulher:
- Minha véia, estou cercado.

Grita o Alferes do outro lado:
Vilela, tenha paciência,
Me entregue suas armas
Que eu não quero violência.
Na luta a gente se arraza,
Trate de compor a casa
Pra eu fazer a diligência.

V - Seu moço, tome tendência
Que eu não engano ninguém
Muito lhe agradecerei
Não me enganando também.
Pra ver como é que nós briga
Quero que voce me diga,
Quantos praças aí vem?

A - Vilela, aqui fora tem
Eu mais cento e oitenta praças
Negro nascido em barulho
Criado em meio a desgraça
Pra te fazer moribundo
E mandar pro outro mundo
Nenhum de nós se embaraça.

V - Com cento e oitenta praça
Brigo em pé, brigo de coca
As bala estralando em mim
É míi virando pipoca
Quando a briga terminar
Duvido voces achar
No meu corpo uma barroca.

A - Vilela, ver se se toca,
Não adianta insistir,
Ainda mesmo eu sozinho
Não te deixo escapulir
Já tá me dando fadiga
Se não abre a porta diga
Pra tu ver ela cair.

V - Delegado, peraí
Que eu sou de opinião
Boi solto se lambe todo
E eu não me entrego à prisão
Prefiro enfrentar a briga
Quero mesmo é que se diga
Morto sim, mas preso não.
Série Cangaceiros - Vol. XXXVIII
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 11/02/2012
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