José Medeiros de Lacerda

Leia poesia - A poesia é o remédio da alma

Textos

AS PROFECIAS DO ANO NOVO
Existe um livro de sonhos
Que poucos dão atenção
Onde se lê o destino
Na palma de nossa mão,
São indícios muito fortes;
Queres saber tua sorte
Para tua proteção?

Essa é uma tradição
Dos sábios de antigamente
Que revelavam o passado
Esclareciam o presente
Adivinhavam o futuro,
E, com registro seguro
Legaram pra nossa gente.

No Egito seco e quente
Tem origem a ciganada
Dentre eles destacou-se
A Cigana Esmeralda
Que pra sua venturança
Casou com um príncipe da França
E não lhe faltou mais nada.

Esta ciência é legada
À sua sabedoria
Que escreveu num compêndio
Tudo que acontecia
E legou em testamento
Todo seu conhecimento
Aos astrólogos de hoje em dia.

E esta filosofia
Baseada na razão
Pode ser fato ilusório
Porém não é ficção;
Todo esse imenso saber
Serviu para enriquecer
O folclore do sertão.

Chamam de superstição
Ou de fatos levianos
Mas se encontra muitos casos
Verdadeiros, soberanos;
Preparar uma seleção
E fazer a edição
Deste cordel são meus planos.

Goze seu dia de ano
Em festejos e brincando
Quem trabalha nesse dia
Passa o ano trabalhando
Sem tempo pra descansar
E quem nele viajar
Passa o ano viajando.

Quem estiver negociando
No primeiro de janeiro
Não queira vender a crédito,
Receba logo o dinheiro
Pra não ficar viciado;
Se não, venderá fiado
No correr do ano inteiro.

Nosso mundo é passageiro
O tempo é como quem voa
Repare quando encontrar
Com a primeira pessoa
No dia primeiro, ouça,
Menina, rapaz ou moça,
Encontra promessa boa.

Não saia brigando à toa
Adquirindo intrigado
Dia de ano é feliz
Para assistir-se a um noivado
Se divertir, passear
E é bom para se gozar
A festa de um batizado.

Procure ser ponderado
Pra ter a vida acertada
Antes de entrar num negócio
Estude logo a parada
Veja como prosseguir
Para depois não cair
Em coisa muito embrulhada.

Loteria acumulada
Que tenha prêmio avultado
Desconfie das vantagens
Que nunca deu resultado.
São segundas sem domingos
Como bem, rifas e bingos
São sonhos de acordado.

Não pratique nada errado
Contra a Mãe Natureza
No dia de ano novo
Posso afirmar com firmeza,
Quem praticar travessura
Que entristeça a natura
Passa o ano com tristeza.

É ciência com certeza
Dos povos da antiguidade
Os homens aborrecidos
Em sua brutalidade
Sempre cai no precipício
Não traz nenhum benefício
Para nossa humanidade.

Se levantar muito tarde
Logo no dia de ano
Tem um ano preguiçoso
Sofre muito desengano
Viverá sempre atrasado
Precisa tomar cuidado
Pra não se tornar insano.

No primeiro dia do ano
Evite comer pegado
De panela ou outra vasilha
Sem estar necessitado,
Quem pratica esse ambiente
Seu ano é deficiente
Terá seu prato minguado.

E se você é casado
Ou casada, tanto faz,
Não traia seu bem amado
Só porque te safisfaz,
Pois você será traído
Pela mulher ou marido
Todo o ano e outros mais.

Toda mocinha ou rapaz
No dia primeiro do ano
Se furar sua orelha
Vai modificar seu plano
E inverte a cadência humana,
Se é ele, vira fulana
Se é ela, vira fulano.

Quem pratica por engano
Algum ato corriqueiro
Que não queria fazer
Dia primeiro de janeiro
Vai estar comprometido
Pois ficará esquecido
E errará o ano inteiro.

Não caia no deserpero
Se algo lhe acontecer
Bem na virada do ano
Que possa comprometer.
Faça um esforço dobrado
Pra não ficar desarmado,
Pense sempre: - Hei de vencer!

Essa coisa de comer
Lentilha no revellon
É modismo da elite
Apesar de ser tão bom,
Sem lentilha, sem leitão
Nada muda a posição
A vida não muda o tom.

Romã, champanhe, bombom,
É gostoso e prazenteiro
Só uma coisa não se pode:
Passar fome dia primeiro
Faça esforço, economize,
Se acontecer tal desliza
Passa fome o ano inteiro.

Durante o mês de janeiro
Programe todo seu ano
Não abuse ao planejar
Não exagere no plano
Aja com normalidade
E exclua a possibilidade
De sofrer um desengano.

Também na noite de ano
Sonhar é fatalidade
Porque quem sonhar sorrindo
Só terá felicidade
Mas se no sonho chorar
Acho bom se preparar
Pois terá contrariedade.

Se a moça, dormindo à tarde,
Sonhar com o seu pretendido
Durante o correr do ano
Casa com um desconhecido
E a vida será um colosso,
A mesma coisa é o moço
Sonhando nesse sentido.

Este assunto é bem comprido
Mas tem algum fundamento
Aquele que estudá-lo
Conhecerá seu provento
Pela força soberana
Doado pela cigana
Esmeralda em testamento.

E eu faço o encerramento
Deixo a critério do povo
Pra julgar o conteúdo
Porque na rima eu resolvo
E entrego cheio de graça
Mais um folheto na praça:
PROFECIAS DO ANO NOVO.
Coisas do Brasil, Vol. XXVII
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 31/01/2011
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras