A LENDA DO GUARANÁ
Não quero fazer história
Mas simplesmente narrar As lendas do meu país Em poesia popular Contadas em verso e prosa Com o repentista, na glosa, E em cordel vou registrar. À Lenda do Guaraná Meu cordel é referente Vem dos índios brasileiros De quem eu sou descendente Gosto de ver nossa História Com sua verve notória Ser lida por nossa gente. Quero, muito consciente, Neste meu objetivo Mostrar que o índio deixou-nos Legado bem expressivo Em tudo que lhes comportam Nas histórias que denotam Que nunca foram passivos. Não quero fazer história Mas simplesmente narrar As lendas do meu país Em poesia popular Contadas em verso e prosa Com o repentista, na glosa, E em cordel vou registrar. À Lenda do Guaraná Meu cordel é referente Vem dos índios brasileiros De quem eu sou descendente Gosto de ver nossa História Com sua verve notória Ser lida por nossa gente. Quero, muito consciente, Neste meu objetivo Mostrar que o índio deixou-nos Legado bem expressivo Em tudo que lhes comportam Nas histórias que denotam Que nunca foram passivos. Eram felizes até Sentirem necessidade De um jovem filho varão Pra dar continuidade Ao fruto daquele gente Disseminando a semente Naquela comunidade. Ao grande Deus, na verdade Rogam pelo dom divino Tupã responde aos apelos Com um saudável menino Trazendo a felicidade À sua comunidade E ao seu próprio destino. Com a chegada do menino Prostra-se a tribo aos seus pés Tupã falou num trovão Aos caciques e pajés: - Guardem com muito cuidado Que o curumim é sagrado Para todos os Maués. Se vocês forem fiéis Haverá muita fartura Muita caça, muito peixe Bons frutos na agricultura Façam tudo com juizo Que haverá um paraíso No seio da «Mãe Natura». Toda a aldeia procura Trazê-lo sempre guardado Pra passear na floresta Só saía acompanhado Por segura companhia Em todo lugar que ia. Era muito vigiado. Deixo o jovem bem guardado Em plena felicidade Para falar sobre um ser, Jurupari, na verdade, O diabo para os nativos Que infernizava os vivos Com o espírito da maldade. Vivia em dificuldade O invisível vilão Pra atingir os Maués Faltava-lhe ocasião Quase sempre ele tentava Porém a tribo gozava De Tupã a proteção. Cheio de insatisfação Dizia: - Um dia eu dou jeito De destruir o menino Sendo o humano perfeito Todos têm o seu revés Entre o zelo dos Maués Encontrarei um defeito. Depois de seu plano feito O grande espírito do mal Passa a seguir o menino Qual persistente rival Espreitando para enfim Nos passos do curumim Armar-lhe um laço fatal. Um lugar especial Naquela floresta havia Cercada por mil segredos Por isso se proibia Que alguém que ali passasse Nesse canto penetrasse Fosse de noite ou de dia. O curumim certo dia Soube daquele ambiente E pensou consigo mesmo: «Vou ver coisa diferente» E saiu às escondidas Na floresta proibida Foi brincar muito contente. Seus guardiões, simplesmente, Inda o julgavam dormindo E por isso não puderam Vê-lo quando ia saindo. O curumim onde andava Certamente nem pensava No que estava caindo. Jurupari o seguindo Agiu repentinamente Se materializando Transformou-se em serpente Com seu espírito mal Pra dar o bote fatal No curumim inocente. O menino indiferente Em uma árvore subiu Uma cascavel gigante Naquele instante surgiu Do jovem se aproximando Na árvore se enroscando Sua calda sacudiu. De cima o curumim viu Muito decepcionado Que a floresta encantada Da qual haviam falado E estava à sua frente Era muito diferente Do que tinha imaginado. Desceu dali apressado Mas quando no chão pisou Viu a serpente, porém Simplesmente ignorou Jurupari, traiçoeiro, Foi chegando sorrateiro Deu o bote e lhe picou. O curumim se assustou Rumo a aldeia correu Sentindo arder o veneno Percorrendo o corpo seu E ali mesmo na selva Deitou-se em meio à relva Perdeu as forças, morreu. Quando a tribo percebeu Que ele havia sumido Todos foram procurá-lo Fazendo grande alarido Encontrando seu corpinho Na beirada do caminho Sem vida no chão caído. «Nosso povo foi vencido - Gritavam em comoção - Um povo comum seremos Sujeitos à maldição À peste, à fome e à guerra Haverá sangue na terra Ao invés de plantação!» Todos pediam perdão A Tupã, Deus de bondade, Junto ao corpo do menino Em grande calamidade Pelo pajé comandado E esse ritual sagrado Dos Maués não foi debalde. Numa grande claridade Ouviram Tupã falar: «Os olhos do curumim Arranquem para plantar Escolham um fértil canto E depois com vosso pranto A terra devem regar. Assim feito irá brotar Dessa terra umedecida Uma planta diferente Pra vocês, desconhecida Haverão galhos frondosos E seus frutos milagrosos Serão os frutos da vida. Após a ordem cumprida Pouco tempo constatavam Que estranha planta nascia E os frutos que vingavam Além de seu gosto fino Com os olhos do menino Os frutos se assemelhavam. Assim eles explicavam Como o guaraná nasceu E de aldeia em aldeia A lenda prevaleceu Na selva e outros abrolhos, O fruto que lembra os olhos Do menino que morreu. SÉRIE LENDAS BRASILEIRAS - VOLUME 11
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 31/01/2011
Alterado em 20/11/2022 Copyright © 2011. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |