A ESCRAVIDÃO NO BRASIL E O BRASIL NA ESCRAVIDÃO
Nosso Brasil é moeda
Com duas faces cunhadas Dois pesos, duas medidas, Duas caras disfarçadas Que escandalosamente Vem fazendo nossa gente Viver mal acostumada. Começou com a cambada De cachos e de galão Explorando nosso índios Iniciando a corrupção Depois, para completar, Começaram a escravizar Gente de outra nação. Os laços da escravidão Foi o mais cruel engano Que o país fez com o negro Do continente africano E até hoje causa insônia No nosso Brasil colônia Imoral e desumano. O poder de um soberano Rolo compressor da massa Ao negro submetia Todo tipo de desgraça Fez do trabalho forçado Um sofrimento calado Pela força da mordaça. A pele escura da raça A valentia de um bravo Fez o negro virar caça Do caçador de escravo Trabalhando noite e dia Em favor da burguesia Sem receber um centavo. Como efeito do conchavo De poder e fazendeiro Raptavam o africano Que feito prisioneiro Deixava a sua nação Empilhada no porão De algum navio negreiro. Começava o cativeiro Nessa embarcação sem nome Negros e negras, sofridos, Enfraquecidos de fome, Por cama, lama e podrura, Por alimento amargura, Pra servir a brancos homens. Pareciam lobisomens Nessa viagem sofrida Não passavam de animais Sem remédio e sem comida Muita gente adoecia No final da travessia Metade estava sem vida. Com a identidade perdida E o banzo no coração Um negro quando morria Ninguém lhe dava atenção Pois a ordem do tirano Era atirar no oceano Pra alimentar tubarão. Vencida a triste missão No Brasil eram deixados Abandonados no porto Entre si acorrentados Dali eram conduzidos Expostos pra ser vendidos Como bichos nos mercados. Um coronel abastado Olhava a mercadoria A idade, a força bruta E ali mesmo escolhia Os de perfil mais forte Para trabalhar no corte Da cana que produzia. Um feitor lhes conduzia Com armas cheias de bala E um chicote de couro Que usava como fala Até uma grande tenda Num recanto da fazenda Que se chamava senzala. Formada por grande sala Com sufocantes janelas De portas sempre fechadas Com guardas na frente delas Onde dormiam no chão Na maior escuridão Sem ter sequer luz de velas. Era uma grande mazela No trabalho e no abrigo Um tronco en frente à senzala Pra negro levar castigo Muitos morriam por nada Na base da chicotada Do feitor, seu inimigo. Com sua vida em perigo Tinha que obedecer As ordens que recebia Sem perguntar o porquê Se não fizesse o serviço Pagava caro por isso Chegando até a morrer. Depois de tanto sofrer No regime sanguinário Pouco a pouco foi surgindo Um movimento contrário Fazendo muita pressão Em prol da abolição Contra o governo arbitrário. Ato revolucionário Em todo canto explodiu Que a princesa Isabel A pressão não resistiu Com seu ato mais singelo Baniu pra sempre o flagelo Da escravidão no Brasil. Foi assim que o mundo viu A Lei Áurea sancionada No dia treze de maio Pela mão abençoada De uma princesa regente Que pôs a dor dessa gente Numa página virada. A história foi manchada Com o sangue da estupidez O negro mostrou ser forte Por tanta coisa que fez Ficou sem nada na vida Mas teve fé aguerrida Pra começar outra vez. O branco na insensatez Na sede pelo poder Depois de explorar o negro Não soube se refazer Acabou a monarquia Promoveu a anarquia E botou tudo a perder. Não soube se precaver Ante a deficiência Ao ter perdido os escravos Que lhes davam oponência Perderam seus nobres postos Ficaram reféns de impostos Depois da independência. Na política a inclemência Criava a corrupção Quem se abastava com algo Praticava a opressão Pela soberba envolvidos Contra os empobrecidos Sem pudor, sem compaixão. Foi por aí que Nação Afundou no atoleiro Passando a ser dependente De outro país estrangeiro Fomos perdendo o valor Passando a ser devedor De um bocado de dinheiro. O senhorio estrangeiro Que aos poucos nos consome Como os Estados Unidos Que ganham poder e nome E o resultado assim fica: Uma minoria enrica E o resto morre de fome. O brasilieirismo some Sem classe e sem moralismo Porque no mundo da troca Do vício, do egoismo, No escravagismo persistem São coisas que só existem Onde tem capitalismo. Combate o socialismo Desemprega e nos assola A tal globalização Desconforta e desconsola Alterando a natureza Acumulando riqueza No mundo que pede esmola. Já fomos donos da bola Hoje é só recordação Porque faz até vergonha Falarmos da seleção; A política é outra chaga Que se alastra como praga. Propagando a corrupção. O idioma da Nação Sempre foi o português Hoje, escravo do sistema, Brasil tá falando inglês Nos costumes, no comércio, Cativo do retrocesso Que o americano fez. Com toda essa estupidez O negro foi libertado Mas nas altas sociedades É sempre discriminado A política lhe persegue Quando muito ele consegue Um cargo de deputado. Chega de ser disfarçado Se dizendo independente Vamos mostrar nossos brios Afinal, somos potentes, Nosso lema, Liberdade, Mostra superioridade, Não pode ser diferente. Nossa terra, nossa gente, É sempre forte e viril, Desculpem meios devaneios, Não quis ser torpe nem vil, Só escolhi esse tema Pra mostrar mais um problema Dessas COISAS DO BRASIL. Série Coisas do Brasil, Vol XXI
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 31/01/2011
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