José Medeiros de Lacerda

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Textos

A QUEDA DA COROA NO REINO DO FORMIGUEIRO
Gosto muito de estudar
As coisas de antigamente
Lendas, parlendas, estórias
Contadas por nossa gente
E estudando vou usá-las
Pretendendo aprimorá-las
Pra contá-las no presente.

Tudo era diferente
Nos reinos da bicharada
Os bichos todos falavam
Em linguagem variada
Mas sempre tinha um vivente
Como existe muita gente
Que vive de trapalhada.

A vida era sossegada
No Reino do Formigueiro
Com uma imensa família
Que mandava no foveiro
Com tudo que é reinação
E o imperador Formigão
Reinando no pardieiro.

Gosto muito de estudar
As coisas de antigamente
Lendas, parlendas, estórias
Contadas por nossa gente
E estudando vou usá-las
Pretendendo aprimorá-las
Pra contá-las no presente.

Tudo era diferente
Nos reinos da bicharada
Os bichos todos falavam
Em linguagem variada
Mas sempre tinha um vivente
Como existe muita gente
Que vive de trapalhada.

A vida era sossegada
No Reino do Formigueiro
Com uma imensa família
Que mandava no foveiro
Com tudo que é reinação
E o imperador Formigão
Reinando no pardieiro.

A pasta da educação
Foi pra Sassará Vermela
Uma sapatão declarada
Que em tudo se assemelha
Com o Mosquito, rei da farra,
E foi morar com a Cigarra
Debaixo de uma telha.

Outra Formiga Vermelha
Prima do Dom Formigão
Farrista e arruaceira
Também era sapatão
Com a Mosca, sua empregada,
Por ser mais organizada
Ficou na coordenação.

Pra Saúva a ocupação
Era cuidar dos jardins
Dos palácios da família
Comandando os Mucuíns
Enfim, qualquer ordenança,
Tinha como liderança
Os parentes e afins.

Todas armações ruins
Mas que fossem lucrativas
Tinha que ter sangue nobre
Comandando as comitivas
E pra não ter desafeto
Dominavam todo inseto
E outras criaturas vivas.

As baratas, mais ativas,
Não quiseram concordar
Com as ordens do Formigão
E sem ninguém desconfiar
Fingiram animosidade
Porém, na realidade,
Começaram a investigar.

Um velho Tamanduá
Das formigas inimigo
Prometera ao Dom Barata
Usar severo castigo
Com os corruptos encontrados
E logo foi consagrado
Das baratas grande amigo.

No reino dos inimigos
No caso o Dom Formigão
Tudo corria tranquilo
Na mais perfeita união
Crentes que estavam podendo
Sem saber que estavam sendo
Víitmas de investigação.

Começa a devastação
No Reino do Formigueiro
Bucho de várias espécies
Do Brasil e do Estrangeiro
Tudo fantasma inventado
Sem saber que eram usados
Pra lavagem de dinheiro.

Já no embate primeiro
Descobriram o Jabuti
Que era chefe dos correios
E o matreiro Siri
Na marinha era o mandante
Tendo como ajudante
O malandro do Quati.

Foi nomeado o Saguí
Para chefe aduaneiro
Fazendo muita muamba
Ganhando muito dinheiro
Gerenciando a Poupança
Com Camundongo ordenança
Vestido de marinheiro.

O Mosquito era enfermeiro
Tinha muita ocupação
Andava sempre zunindo
Dando na tropa injeção
De vacina e anestesia
Combatendo noite e dia
O mosquito da sezão.

Para a comunicação
O Macaco experiente
Passava a vida feliz
Sempre baludo e contente
Com sua sabedoria
Preenchendo nota fria
Enganando muita gente.

Enfiim, cada expediente
Tinha um suposto mandão
Mas nenhum bicho envolvido
Sabia dessa armação
Pois todo alto salário
Só tinha um destinatário:
A conta do Formigão.

Descoberta a corrupção
Reinante no formigueiro
Foi uma revolução
No campo e no tabuleiro
Todos querendo saber
Como agir pra receber
Sua parte no dinheiro.

Um Bode pai de chiqueiro
Berrando alto dizia
Que o dinheiro era fantasma
E ninguém receberia
Essa sua afirmação
Aumentou a confusão
E começou a porfía.

Quase todo mundo ria
Do Bode pai de chiqueiro
Que ficou envergonhado
E desertou do terreiro
Na surpresa dessa hora
Por causa de umas estórias
Que revelou o Carneiro.

Na porta do formigueiro
Houve até pancadaria
Quebraram a perna do Gato
Furaram os olhos da Jia
Preá esperto correu
E o Mocó esmoreceu
Na presença da Cotia.

Tamanduá de vigia
Mandou parar a quermesse
Dizendo: - É caso sabido,
Quem apanha nunca esquece,
Briga entre nós não convém
Pois toda formiga tem
O governo que merece.

Lá não há quem se interesse
Em apurar o passado
Se alguém se suicidou,
Se alguém foi assassinado,
Vale é tentar esconder
Novas eleições vencer
E continuar o reinado.

Nós estamos avisados
Da ficha suja existente
Vamos fazer eleição
Com todo bicho presente
E através desse pleito
Caçar todos os direitos
Do Formigão prepotente.

As Sanguessugas na frente
Se preparam pra votar
Mas encontraram barreira
Do velho Tamanduá
Que disse: -Saiam, bandidas!
Vocês estão  envolvidas
E podem se retirar.

Vendo a casa desabar
A Sassará sapatão
Se uniu com a Formiga
Que era da coordenação
Para achar uma saída
Formar uma contra partida
Pra salvar o Formigão

Mas a luta foi em vão
A verdade floresceu
Não existe mais fantasma
Tudo desapareceu
Formigueiro desabou
Tamanduá se fartou
Com as formigas que comeu.

Essa história aconteceu
Não é só conversa à toa
Dom Formigão foi punido
Se escafedeu da lagoa
A floresta ganhou vida
Formiga foi esquecida
E o rei perdeu a coroa!                                                                                             Feira de Santana,08/10/2010
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 18/11/2010
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