José Medeiros de Lacerda

Leia poesia - A poesia é o remédio da alma

Textos

O SELO DA MORTE
Trecho do Cordel:
Mas quando virou o selo
Notou que estava riscado
E com a letra do noivo
Com sangue vinha assinado:
“Estou sem as duas pernas
Num hospital internado”.

Lourdinha sentiu as dores
Do juramento trocado
E dirigiu-se a capela
Rezar por seu bem amado
Pra que Deus o devolvesse
Mesmo que fosse aleijado.

Dezoito dias depois
Chega-lhe outro cartão
Lourdinha, desesperada,
Sem saber se abria ou não,
Resolveu tirar o selo
Nessa hora de aflição.

Tirou o selo e, surpresa,
Com espanto percebeu,
Embaixo não tinha nada,
Abriu o envelope e leu
Que num hospital de guerra
O seu amado morreu.

Lourdinha ficou doente
Pouco tempo mais durou,
Dois selos tão pequeninos
Destruiu tão grande amor.
O primeiro trouxe o sangue
Com que seu noivo assinou
E o derradeiro envelope
Foi a morte quem selou.


Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 23/12/2009
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras