DOIS DESTINOS
Nasceram no mesmo dia
Numa rica freguesia Uma filha de fidalguia E um menino pobretão; Porém o Conde, orgulhoso, Arrogante, imperioso Num acinte pretensioso Queria um filho varão Em manobra traiçoeira Deu dinheiro a enfermeira Que escondida da parteira Fez a troca das crianças; Mudando assim dois destinos Por esse gesto assassino Ficando o pobre menino Com uma polpuda herança. Enquanto o tempo passava O Conde mais se abastava E o menino frequentava As mais famosas escolas E a menininha esquecida No mundo desprotegida Amargava sua vida De porta em porta uma esmola. Criando a sorte um impasse Quis que os dois se aproximassem E logo se apaixonassem Pra mostrar ao velho conde; Que existe acima do crime Que não aplaca ou redime O amor puro e sublime Que o ouro não esconde. E logo estavam casados Contra o conde afortunado Que bastante indignado Tirou o jovem da herança; E os dois ficaram sem teto Residindo a Céu aberto Mas porém ricos de afeto De amor e de esperança. Coragem não lhes faltava Noite e dia trabalhavam Grande fortuna juntavam E ricos os dois viveram; Enquanto o conde jogava Sua fortuna dizimava E quando menos esperava Seus tesouros pereceram. Abandonado e falido O conde desprotegido Caiu por terra vencido Na sua última cartada; Prá não virar peregrino Procurou aquele ninho Onde antes dois destinos Seguiram a mesma estrada. E chorando arrependido Num momento decidido Esclareceu comovido Chegada a última hora; Perdoem minha perfilha Por alterar a família Pois você é minha filha, Você não é minha nora. Deixo esta perifrasia Aos maridos de hoje-em-dia Que usa a tecnologia Pra conseguir filho homem; Esse ato falho subleva Qualquer filho a Deus enleva E sendo filha também leva O seu mesmo sobrenome.
Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 29/06/2008
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